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domingo, 13 de maio de 2012

O "futuro" do Mercosul em debate (9) - comentarios Paulo Roberto de Almeida

Ufa! Finalmente o fim deste debate (ainda vai ter mais, esperem...)



Conclusão pessoal (PRA)
Minha sugestão é a de SPG retorne à sua prancheta de planificador voluntário, refaça todos os exercícios de políticas possíveis, com base em sólidos dados empíricos, e que ele apresente algo mais conforme a realidade do mundo. Seus argumentos sobre as “potências dominantes” (ocidentais, claro) pertencem ao terreno da paranoia; suas crenças em relação à China são altamente irrealistas; seus contorcionismos conceituais no que tange as próprias políticas dos países membros do Mercosul se aproximam da mistificação, ou do autoengano, simplesmente.
Quando se é um acadêmico, simplesmente, é possível demonstrar alto grau de alienação, e ainda assim ser admirado por plateias inteiras de estudantes passivos, sem que isso cause qualquer comoção, ou tenha qualquer impacto no mundo real. Quando se tem, contudo, um cargo de alta responsabilidade política, como é o caso de SPG, os desvarios propositivos podem ser altamente prejudiciais àquilo mesmo que seu autor pretende promover: o desenvolvimento harmonioso dos países objetos dessas especulações de feiticeiro aprendiz do Mercosul. Basta que propostas altamente irrealistas, como são as que examinamos aqui, sejam tomadas pelo seu valor de face por decisores armados de orçamentos, e aí o desastre é assegurado: podemos ter certeza que recursos respeitáveis serão gastos inutilmente, sem qualquer efeito sobre a realidade dos mercados, ou com impactos mínimos (já que com dinheiro se pode fazer muita coisa, até plantar bananas na Groenlândia, por exemplo).
Não é a primeira vez que SPG apresenta seus desvarios de planificador utópico do futuro, seja em relação ao Brasil – em 2022, por exemplo – seja em relação ao próprio Mercosul. Sua capacidade de encantar plateias já conquistadas e convencidas dos malfeitos do neoliberalismo é enorme, e isso lhe deve granjear muito apoio em círculos consideráveis da opinião pública nacional, sobretudo nessa ambiente contaminado pelas utopias antimercado que constituem as faculdades de humanidades brasileiras. Seu potencial de causar estragos nas políticas públicas brasileiras é também enorme, considerando-se os cargos que exerceu e a influência que ainda tem em amplos setores da máquina governamental brasileira e sua audiência em vários países vizinhos (até pelo cargo de responsabilidade que ocupa atualmente). Em face disso, só posso prever a continuidade de certas irracionalidades na condução de vários “negócios” públicos, aqueles, pelo menos, em que o aprendiz de feiticeiro (no bom sentido da palavra) for autorizado a pousar sua varinha mágica. Não sei quem poderá salvar o Mercosul desse tipo de experimento saint-simoniano conduzido candidamente, como corresponde às almas animadas por boas intenções.
Nessas condições, o único futuro que pode ter o Mercosul é o aprofundamento de suas contradições internas – institucionais e operacionais – e o completo descaminho na irrelevância econômica e nos desvios retóricos das mesmas políticas que fizeram da América Latina, nos últimos 60 anos, o maior cemitério de experiências frustradas em matéria de integração desde os tempos do Zollverein e do Benelux.
Quem – ou o quê – poderá salvar o Mercosul? Respostas (sérias, por favor) para este modesto escriba voluntário, que não tem nenhum poder, nem influência sobre as políticas em curso, apenas alguma capacidade de agitar ideias contrarianistas, que podem, eventualmente, contribuir para um debate realista, em um continente entregue a experimentos inéditos em uma rica história de cinco séculos. Vale!


Paulo Roberto de Almeida
Paris, 14 de maio de 2012

FIM! (por enquanto...)

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