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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Breve nota biografica: Paulo Roberto de Almeida (divertissement)


Breve nota biográfica: Paulo Roberto de Almeida

Nasci em São Paulo, na exata metade do século XX, depois de uma primeira metade conhecida como a mais mortal de todas as épocas históricas anteriores. Por sorte (ou talvez, como diria Raymond Aron, graças à arma atômica, segundo o diagnóstico feito logo em 1947: “paz improvável, guerra impossível”), a minha geração, e as duas seguintes, não conhecemos nenhum novo conflito global, mas inúmeros, incontáveis conflitos parciais, guerras civis, guerras limitadas, sem mencionar uma imensa destruição econômica, inclusive no próprio Brasil, em função de governos irresponsáveis, líderes populistas, aventureiros políticos.
Creio que “aprendi” economia na prática, ao nascer numa família de baixa classe média, com pais que não dispunham sequer de primário completo, sem livros em casa, e tendo de trabalhar desde muito cedo (e gostaria de sublinhar: desde muito cedo).
Tive sorte de residir, mesmo numa casinha muito modesta, muito próximo de uma biblioteca pública infantil, onde passei toda a minha infância (mesmo antes de aprender a ler) e metade da primeira adolescência. Devo à Biblioteca Infantil Municipal Anne Frank os melhores momentos de minha infância, tendo lido provavelmente tudo o que havia de disponível para um garoto sedento de novos saberes, como eu era. Depois, devo ao Ginásio Vocacional Oswaldo Aranha, na primeira adolescência, tudo o que eu aprendi de importante, e que iria guiar a minha vida doravante. Foi ali que fui “apresentado” aos problemas de relações internacionais, quando ouvi o que me pareceu uma fascinante preleção de Oliveiros da Silva Ferreira sobre a crise dos mísseis soviéticos em Cuba, um ano ou dois depois da famosa confrontação russo-americana (1962) que levou o mundo ao limiar de um holocausto nuclear. Nos anos seguintes, aprendi de verdade economia nas páginas desse jornal reacionário que eu lia quase todos os dias, o Estadão, onde também aprendi a conhecer Raymond Aron e muitos outros luminares do melhor pensamento político do século XX.
Chegado ao século XXI, creio que posso fazer um balanço positivo de uma trajetória intelectual toda ela dedicada a ensinar aos mais jovens o que eu mesmo aprendi nos livros, na observação da realidade, em incontáveis viagens, em contato com pessoas mais espertas, mas sobretudo na reflexão ponderada com base em todas as metodologias anteriores. Viajei muito, li muito (não tanto quanto Carmen Lícia, minha adorável companheira de quase 40 anos, mas quase tanto) e sobretudo mantive uma atitude, em face de afirmações peremptórias e argumentos lidos e ouvidos, que aprendi muito jovem: ceticismo sadio. O que isso quer dizer? Nunca tome uma opinião, uma afirmação, mesmo um argumento de autoridade, pelo seu “valor face”, mas procure perguntar: é isso mesmo?; por que?; tem fundamento?; quais as provas?; não seria de outra forma?; vamos examinar melhor...
O que eu gostaria de deixar, como memória, como recordação, como lição a mim mesmo ou aos outros, ao longo de uma vida dedicada aos estudos e aos escritos? Talvez apenas isto: aprendeu, refletiu, transmitiu conhecimentos, esforçou-se para tornar o mundo um pouco melhor do que aquele que recebeu dos pais e das gerações passadas. A certeza de ter contribuído com o meu quinhão de conhecimentos para a elevação espiritual da humanidade, ou pelo menos do Brasil, é uma das coisas mais gratificantes que tenho legítimo orgulho de exibir...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 2 de agosto de 2016

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