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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A Corrupcao da Inteligencia: intelectuais e poder no Brasil - Flavio Gordon

Ao abrir as primeiras páginas deste livro, que estou lendo agora na versão Kindle, minha mente foi imediatamente levada para uma tarde da primavera de 2012, quando, na condição de professor convidado à Sorbonne para um curso de pós-graduação, viajei à Alemanha, com Carmen Lícia Palazzo, para visitar alguns novos museus que ainda não conhecia.
Fomos, assim, ao Museu dos Congressos do Partido Nazista, no subúrbio de Nuremberg, nos mesmos locais nos quais o NASPD, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha realizava seus congressos anuais, entre meados dos anos 1920 até quase o final da guerra.
Passei alguns minutos assistindo a documentários da época, transmitindo, por exemplo, discursos de Hitler à massa dos militantes do partidos reunidos no congresso, entre tochas e bandeiras, num clima que poderia ser apropriadamente descrito como de "fascínio doentio".
Não me guiei obviamente pelas palavras exatas de Hitler, em alemão, língua que conheço precariamente, e ative-me às legendas em inglês, absolutamete fieis ao que ele discursava. Independentemente, porém, da "gramática política", o que mais me chamou a atenção foi o ambiente geral do discurso, as invectivas de Hitler contra as "elites", as ameaças vindas do exterior, a "defesa do povo alemão" contra os inimigos que queriam humilhar a Alemanha e os alemães, seus olhos brilhando, e o fascínio das massas.
Impossível não lembrar, no mesmo momento, e o fiz involuntariamente, dos discursos de Lula, antes e depois de ter chegado ao poder, e do fascínio das massas presentes em Brasília, em 1o. de janeiro de 2003, quando de sua posse. As invectivas de Lula contra "eles", as "elites" que impediam o povo de resgatar a sua "dignidade", os "inimigos do povo" tinham uma inevitável semelhança com os discursos de Lula, sua postura, as mensagens que sempre veiculou em suas arengas intermináveis.
Esta foi a associação mais perturbadora que me deixou a visita ao Museu dos congressos do Partido Nazista, a despeito de todo o horror que nos provoca a mostra da degradação moral a que foi levado o povo alemão durante o domínio hitlerista.
Essa degradação moral está presente, creio, no livro de Flávio Gordon, que estou lendo agora.
Convido todos a também ler este volume, que talvez preencha uma função semelhante àquela provocada, muitos anos atrás, pelo livro de Harold Bloom, The Closing of American Mind.
Sim, a mente brasileira se fechou durante todos esses anos, e de certa forma ainda continua fechada, e essa obra nefasta é inteiramente devida aos nossos "subintelequituais", aqueles que eu  chamo de "acadêmicos gramscianos".
Recuso-me a chamar esses mistificadores universitários de "intelectuais", como o faz Flavio Gordon.
Com esta única restrição, convido à leitura do livro.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de agosto de 2017


A Corrupção da Inteligência: intelectuais e poder no Brasil

Rio de Janeiro: Record, 2017 (versão Kindle)
 
O livro que explica, com clareza e precisão, a atual crise brasileira

Na última década, os brasileiros viram-se submetidos a um processo de corrupção endêmica e institucionalizada sem precedentes. Entre mensalões e petrolões, a nação assistiu embasbacada enquanto corruptos e corruptores descreviam, em tom de banalidade, alguns dos esquemas que possibilitaram o desvio de bilhões de dólares dos cofres públicos e, mais do que isso, a transformação do Estado e de suas instituições em instrumentos úteis aos interesses partidários mais sórdidos.
O Brasil que o PT criou é perigoso, feio, miserável e insustentável. Mas o que tornou tudo isso possível? O que possibilitou a chegada de figuras como Lula e Dilma Rousseff ao poder? O que entorpeceu a alma da sociedade brasileira tão profundamente para que ela se permitisse representar por personalidades tão toscas e malformadas? Quais são as raízes mais profundas da crise que aflige a nação? E qual foi o papel dos intelectuais brasileiros nisso tudo?
Estas são algumas das perguntas que o antropólogo e analista político Flávio Gordon busca responder, com invejável coragem e brilhantismo, nesta investigação vigorosa que o leitor tem em mãos. Dentre os muitos livros que buscam explicar a atual crise brasileira, nenhum tem a clareza, a precisão e a força explicativa que encontramos em A corrupção da inteligência.

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