O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Venezuela: governo brasileiro faz planos para retirar brasileiros (Valor)

A questão está em saber se esses brasileiros serão retirados à revelia do governo venezuelano, que já recusou oferta de ajuda no passado, inclusive de tipo humanitário (remédios, matérial médico).
Responsabilidade DE proteger, e AO proteger?
Paulo Roberto de Almeida


Por Murillo Camarotto e Daniel Rittner | De Brasília
O governo está finalizando um plano de contingência para retirar brasileiros da Venezuela em caso de necessidade. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, disse ao Valor que o objetivo é viabilizar, entre outras coisas, uma estrutura mínima de assistência médica e alojamento para os cidadãos que precisarem deixar às pressas o país vizinho.
Segundo Etchegoyen, a ideia é ter algo parecido com o que foi posto em prática em 2011 para retirar brasileiros da Líbia, que na época vivia os conflitos resultantes da Primavera Árabe. Na ocasião, o plano para resgatar engenheiros e levá-los para a vizinha Malta foi desenvolvido em parceria com o governo italiano.
Na última década, o governo brasileiro também desenvolveu estratégias para receber cidadãos que queriam deixar a Síria e o Líbano. Um grupo de trabalho coordenado Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil está à frente das discussões.
Etchegoyen fez questão de salientar que o plano de contingência será disponibilizado somente para quem quiser sair espontaneamente do território venezuelano, em um eventual agravamento da crise que assola o país. Com representação em Caracas, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitora a escalada da violência entre defensores e opositores do presidente Nicolás Maduro.
Fontes na diplomacia brasileira estimam que cerca de 30 mil brasileiros vivam atualmente na Venezuela. Uma parte significativa, entretanto, não está cadastrada no consulado. Ainda assim, o número elevado de pessoas inviabilizaria uma estratégia de resgate com aviões, restando apenas a via terrestre. Etchegoyen, contudo, não deu detalhes sobre a logística do plano.
Uma das maiores preocupações do governo é com o estrangulamento da infraestrutura da cidade de Paracaima, em Roraima, que já sofre com o grande fluxo de venezuelanos que fogem da violência em seu país.
"A questão venezuelana preocupa o Brasil, as Nações Unidas e todo o mundo. Temos abordado como uma questão humanitária, com carências e dificuldades graves. Já fizemos duas ofertas de ajuda, que foram recusadas pelo presidente Maduro", afirmou Etchegoyen, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Além da questão humanitária, o governo observa com atenção o ângulo estratégico da crise na Venezuela, que é a principal porta de saída do Brasil para o Caribe. "Como maior país da América do Sul, com metade da economia e da população da região, também temos que arcar com a maior conta do condomínio", disse o general, referindo-se ao tamanho do papel do Brasil na crise.
Ele destacou ainda a existência de "elementos extrarregionais" na instabilidade venezuelana, citando como exemplo a grande quantidade de cubanos que vive no país. Essas questões também estão sendo observadas com atenção pelo governo brasileiro.
Após a criação de uma contestada Assembleia Constituinte, a Venezuela foi suspensa do Mercosul. Os chanceleres dos países fundadores do bloco justificaram a medida como última opção às fracassadas tentativas de diálogo. Dias depois, o secretário da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, disse que "não há vestígio de democracia" na Venezuela.

Nenhum comentário: