O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O Brasil e a Grande Guerra: diplomacia e historia - seminario no IHGB, RJ, 6/11/2017


O Brasil e a Grande Guerra: diplomacia e história

Paulo Roberto de Almeida
 [Nota sobre o seminário a ser realizado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro, em 6/11/2017]
 

O conflito matricial do século XX
Todos admitem – não só os historiadores, mas também cientistas políticos e analistas de relações internacionais, de modo geral – que a Grande Guerra, que mais tarde recebeu o título de Primeira Guerra Mundial por razões mais do que óbvias, foi o conflito seminal do século XX, que provocou imensas alterações políticas, sociais e propriamente militares em todos os países por ela afetados, mas também enormes impactos econômicos que perduram até a atualidade – na intromissão dos Estados na vida econômica – e, sobretudo, no plano das relações internacionais, ao acelerar os movimentos nacionalistas que redundariam nas descolonizações da segunda metade do século e alteraram completamente a geopolítica mundial. Essas mudanças afetaram em primeiro lugar a Europa, mas também os impérios coloniais e mesmo povos e regiões distantes do epicentro do conflito, inclusive no hemisfério americano e no Pacífico.
A historiografia, ao longo do último século, identificou as origens da guerra – uma simples disputa de honra nacional e de defesa de soberania entre o Império Austro-Húngaro e o reino da Sérvia –, nas atitudes propriamente “feudais” (na visão de Arno Mayer) dos monarcas disputando poder e influência nos Balcãs, uma subida aos extremos por causa de um ultimatum mal concebido, exacerbado pelos ardores de chefes militares que pensavam apenas num conflito de pequena duração, finalmente extravasado para as grandes potências europeias por causa de um sistema de alianças militares e de garantias ambíguas vinculando os dois extremos da Europa central. Mas se tratava, ao início, de uma “guerra local”, que extravasou para as grandes potências vinculadas entre si pela lógica confrontacionista das alianças.
A guerra se tornou mundial pela ação dos submarinos alemães, afundando inclusive navios de países neutros, como os Estados Unidos e o próprio Brasil. Suas consequências foram ainda mais vastas, pois foi em grande medida devido à Grande Guerra que o czarismo foi derrocado na Rússia e que um novo sistema sócio-político e econômico, consolidado após anos de guerra civil, emergiu na União Soviética e projetou sua sombra sobre as relações internacionais durante mais de oito décadas.

Programa de seminário sobre a Grande Guerra
Para examinar os diversos aspectos da Grande Guerra, o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI-Funag/MRE), do qual sou diretor, está organizando um seminário no Instituto Histórico e Geográfico (Rio de Janeiro), em 6 de novembro, segundo o programa que se detalha a seguir:

O BRASIL E A GRANDE GUERRA: DIPLOMACIA E HISTÓRIA
Seminário no dia 06 de novembro de 2017

Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rua Augusto Severo 8, RJ, 09:00-18:30hs

09:00               Abertura: Apresentação do programa

09:30               Conferência de abertura:
“A América Latina e a Grande Guerra (1914-1918)” – Prof. Olivier Compagnon (Universidade de Paris III – Institut des Hautes Études de l´Amérique Latine), autor de O Adeus à Europa: a América Latina e a Grande Guerra. 
10:30               A imprensa brasileira e a Grande Guerra – Prof. Sidney Garambone (PUC-RJ), autor de A Primeira Guerra Mundial e a Imprensa Brasileira.
11:20 O Brasil da neutralidade à guerra - Embaixador Rubens Ricupero (FAAP), autor de A Diplomacia na construção do Brasil: 1750-2016.
12:10 A neutralidade argentina – Embaixador Juan Archibaldo Lanús (CARI), autor de Aquel apogeo: politica internacional argentina 1910-1939.

13:00   Almoço

14:00    Rui Barbosa e o debate parlamentar sobre a neutralidade brasileira - Embaixador Carlos Henrique Cardim (UNB), autor de A raiz das coisas - Rui Barbosa: o Brasil no mundo.
14:50   A Marinha do Brasil na Grande Guerra – Prof. Francisco Eduardo Alves de Almeida (EGN/IGHMB), co-autor de Atlântico – a História de um Oceano.
15:40 Aviadores brasileiros na Grande Guerra (power point) Prof. Carlos Daróz (UNISUL/UNIVERSO/IGHMB), autor de O Brasil na Primeira Guerra Mundial – A Longa Travessia.
16:10  O Exército Brasileiro na Grande Guerra: a Missão Médica Militar e o Hospital Brasileiro de Paris - Prof. Cristiano Enrique de Brum (PUC-RS), doutorando em História.
17:00 Epitácio Pessoa e a Conferência de Paz de Paris - Procurador Marcílio Toscano França Filho (UFPB), autor de Epitácio Pessoa e a Codificação do Direito Internacional.

17:50               Debate
18:30 Encerramento


Guia de leitura, bibliografia:
A bibliografia sobre a Grande Guerra é, obviamente, imensa, mas menos abundante no que se refere ao envolvimento dos países latino-americanos e do Brasil. Um dos palestrantes, o prof. Olivier Compagnon, é autor da obra de pesquisa histórica L’adieu à l’Europe: l’Amérique Latine et la Grande Guerre (Paris: Librairie Arthème Fyard, 2013), com edições em português: O adeus à Europa: a América Latina e a Grande Guerra (Rio de Janeiro: Rocco, 2014); e em espanhol: América Latina y la Gran Guerra: el adiós a Europa (Argentina y Brasil, 1914-1939) (Buenos Aires: Crítica, 2014). Outro participante também tem obra publicada; Sidney Garambone: A primeira guerra mundial e a imprensa brasileira (Rio de Janeiro: Mauad, 2003).
Compagnon cita, em sua bibliografia, livros sobre a mesma temática, entre os quais: Bill Albert; Paul Henderson: South America and the First World War: the impact of the war on Brazil, Argentina, Peru and Chile (Cambridge: Cambrisge University Press, 1988); Percy Alvin Martin: Latin America and the War (Baltimore: Johns Hopkins Press, 1925); Clodoaldo Bueno: Política externa da Primeira República: os anos de apogeu, de 1902 a 1918 (São Paulo: Paz e Terra, 2003).
O grande estudo sobre o tema é o de Francisco Luiz Teixeira Vinhosa: O Brasil e a Primeira Guerra Mundial: a diplomacia brasileira e as grandes potências (Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1990), com ampla bibliografia sobre o assunto. O diplomata Fernando Paulo de Mello Barreto Filho publicou Os Sucessores do Barão: relações exteriores do Brasil, 1912-1964 (São Paulo: Paz e Terra, 2001). Mais recentemente, o historiador Carlos Daróz publicou O Brasil na Primeira Guerra Mundial: a longa travessia (São Paulo: Contexto, 2016).
Em 2014, convidado pelo jornalista Alberto Dines para participar de uma emissão sobre a Grande Guerra na série do Observatório da Imprensa, mesmo estando fora do país, elaborei pequeno texto-guia e preparei dois pequenos vídeos sobre o impacto do conflito no Brasil, do ponto de vista econômico: “A guerra de 1914-1918 e o Brasil: impactos imediatos, efeitos permanentes”, Mundorama (28/07/2014; ISSN: 2175-2052; link: http://www.mundorama.net/?p=14424); Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/a-grande-guerra-e-seus-efeitos-sobre-o.html).

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30 de outubro de 2017

Nenhum comentário: