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domingo, 2 de maio de 2021

O Brasil e a frustrada invasão de Cuba em 1961 pelos exilados cubanos orquestrados pela CIA - André Duchiade, James Hershberg e Joseph Zelikow (National Security Archive)

Documentos indicam que João Goulart atuou como mediador secreto entre Kennedy e Fidel Castro

A pedido de Washington, governo brasileiro tomou medidas para evitar execuções de prisioneiros da fracassada invasão da Baía dos Porcos, revelam telegramas descobertos por historiador americano; independência da política externa da época qualificou o Brasil como intermediário

André Duchiade

O Globo, 29/04/2021 - 18:17 / Atualizado em 29/04/2021 - 22:16

https://oglobo.globo.com/mundo/documentos-indicam-que-joao-goulart-atuou-como-mediador-secreto-entre-kennedy-fidel-castro-1-24994882

Em abril de 1962, um ano depois da fracassada tentativa de invasão da Baía dos Porcos por exilados cubanos patrocinados pelos EUA, o então presidente brasileiro João Goulart atendeu a um pedido do seu homólogo americano John F. Kennedy e intercedeu junto ao líder cubano Fidel Castro para evitar as execuções dos 1.200 prisioneiros envolvidos na operação.

A descoberta foi revelada nesta quinta-feira pelo National Security Archive, instituição de pesquisa ligada à Universidade de George Washington, e tem como fontes documentos inéditos do Itamaraty, do Departamento de Estado americano e (minoritariamente) de Cuba. A pesquisa foi conduzida pelo historiador James Hershberg, da mesma universidade.

Os telegramas secretos, analisados em um artigo publicado no mês em que a tentativa de invasão completa 60 anos, permitem vislumbrar como o Brasil atuou sigilosamente como intermediário entre Washington e Havana em um momento de rompimento diplomático total entre as duas capitais. Também permitem entender como a posição de independência internacional do Brasil permitiu que o país exercesse influência frente aos dois governos, desempenhando importante papel para evitar um conflito.

O estudo se centra em um curto período, entre o final de março e o começo de abril de 1962, quando Havana se preparava para levar a um tribunal especial os 1.179 prisioneiros envolvidos na operação, que enfrentavam acusações de traição e poderiam ser condenados à morte. Kennedy, que herdara os planos da invasão de seu antecessor Dwight Eisenhower, tinha grande interesse na libertação dos detidos, e tentou interceder buscando canais com a então Tchecoslováquia, o Vaticano, o Chile e o México.

Segundo Hershberg, o “Brasil desempenhava um papel especial — não apenas por seu tamanho e importância na América do Sul, mas porque seu líder, o presidente João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de centro-esquerda, estava prestes a visitar os Estados Unidos para uma cúpula com presidente Kennedy no início de abril, e buscava obter ajuda econômica dos EUA — e, portanto, tinha um incentivo para fazer um favor a Washington”.

A pesquisa ressalta outro fator que punha o Brasil em posição privilegiada para mediar essa negociação: “Goulart e seu ministro das Relações Exteriores, San Tiago Dantas, tinham preservado laços amigáveis com Havana ao resistir fortemente à pressão dos EUA por severas sanções anti-Cuba”, sobretudo na conferência de chanceleres da OEA no Uruguai em janeiro daquele ano. Na conferência, Cuba foi suspensa da organização, e o Brasil se absteve na votação.

O contato inicial com o governo brasileiro foi feito a partir de Roberto Campos, então embaixador em Washington, que foi contatado, no dia 23 de março, por José Miró, ex-primeiro-ministro cubano, líder da oposição no exílio a Fidel e colaborador da CIA. Naquela mesma noite, o Itamaraty ordenou ao embaixador em Cuba, Luiz Bastian Pinto, que comunicasse imediatamente ao governo de Havana que Brasília desejava o adiamento do julgamento por 30 dias — prazo necessário para Goulart empreender a sua viagem a Washington.

No dia 27 de março, o chanceler cubano Raúl Roa respondeu ao enviado brasileiro que adiar o julgamento não era uma opção, pois anularia uma decisão governamental “de grande gravidade”. Roa incluiu no entanto uma ressalva: “Cuba responderia afirmativamente se Goulart fizesse um apelo público de clemência”, no qual se referisse explicitamente à "magnanimidade ou generosidade" dos "vencedores". Havana, acrescentou, "não responderia a nenhum tipo de apelo feito por qualquer chefe de Estado que não o presidente Goulart".

O julgamento, conduzido em uma fortaleza colonial do século XVIII, começou dois dias depois, uma quinta-feira. Na sexta, o encarregado de negócios americano no Brasil, Niles Bond, que atuava como embaixador em exercício, tomou conhecimento, por meio de informantes no Itamaraty, das exigências cubanas. Em um telegrama a Washington, ele disse que Havana via a iniciativa brasileira com “simpatia”, mas impusera “uma pura chantagem” como condição para ceder. A resposta cubana, disse Bond, fora recebida “com profunda irritação” pelo governo brasileiro, “incluindo o próprio presidente”.

O avanço do julgamento, no entanto, reforçou a preocupação americana, que intensificou os contatos com Campos em Washington. Um comunicado do conselheiro de Kennedy Richard Goodwin transmitido à embaixada brasileira afirmava que “além dos motivos humanitários para evitar a execução de prisioneiros, o presidente Kennedy se preocupa [com] o efeito exacerbante que a execução pode ter na opinião pública americana, [que vinha] ficando mais tranquila e menos emocional em relação a Cuba". A mensagem foi recebida pelo governo brasileiro como um recado direto de Kennedy.

Segundo o estudo do National Security Archive, “apesar de aparentemente se ressentir das condições cubanas anteriores, Goulart, prestes a visitar Washington, dificilmente podia resistir ao apelo interpresidencial direto de Kennedy, transmitido por seu associado íntimo, do topo dos EUA”. A embaixada respondeu que o chanceler San Tiago Dantas estava redigindo um texto a ser assinado por Goulart com um pedido público por clemência.

A carta de Jango, destinada ao presidente cubano Osvaldo Dorticós e ao então premier Fidel, foi enviada no dia 2 de abril, mesmo dia em que ele embarcou rumo a Washington, sendo distribuída também a jornais brasileiros. Sem que os EUA soubessem, a missiva fora cuidadosamente redigida para atender às condições impostas por Havana, incluindo referências à "magnanimidade" e à “vitória” cubana:

“Movido por sentimentos de solidariedade humana que unem todos os povos americanos, tomo a liberdade de dirigir a vossas excelências um apelo de todo o povo brasileiro para que a magnanimidade seja fator decisivo na condenação de pessoas presas na praia de Girón por ocasião de invasão a Cuba”, dizia o texto. “Estou certo de que vossas excelências cuidarão desse assunto conduzido com a clemência que sempre caracteriza a atitude do vencedor para com o irmão derrotado”.

A resposta pública de Havana veio dois dias depois. Dizia que o país esperara por uma indenização americana em função da invasão, que não viera. Acrescentava que, embora o processo fosse avançar, o “apelo à magnanimidade da Cuba revolucionária, em nome do povo brasileiro, e no momento em que se prepara a nação soberana de Cuba para julgar os fatos, pesará muito na mente do povo e do tribunal que tem a decisão em suas mãos”.

A sentença veio no domingo seguinte, 8 de abril, enquanto Goulart viajava pelos Estados Unidos após se encontrar com Kennedy. Os invasores foram considerados culpados, mas escaparam da pena de morte: a sentença era de 30 anos de prisão, ou uma indenização de US$ 62 milhões. A ditadura cubana evitara matar os prisioneiros, deixando uma porta aberta para obter recursos importantes ao novo regime, que de fato viriam mais tarde: em dezembro, os prisioneiros seriam libertados em troca de US$ 53 milhões em comida, remédios e outros itens humanitários.

O estudo cita ainda uma outra informação não confirmada: no dia 12 de abril, os colunistas de Washington Robert Allen e Paul Scott publicaram no Miami News que Goulart havia enviado uma mensagem secreta a Fidel Castro, na qual teria citado “um apelo de emergência de Washington”. O texto acrescentava que Goulart teria dito a Fidel que, se as vidas dos prisioneiros fossem poupadas, “Kennedy continuaria a seguir uma política de 'não intervenção' estrita nos assuntos internos de Cuba". A previsão se provou falsa; ainda em março, Kennedy aprovou a operação Mongoose, com o objetivo de derrubar o regime cubano.

No final do artigo, o historiador Hershberg afirma que o episódio “ofereceu ao governo Kennedy um lembrete oportuno da utilidade potencial da Embaixada do Brasil em Havana — ao contrário dos desejos de alguns funcionários linha-dura dos EUA, que preferiam que o Brasil simplesmente cortasse relações diplomáticas com Cuba”.

Em outubro de 1962, Kennedy ainda buscaria intermediação diplomática do Brasil durante a crise dos mísseis nucleares. As relações entre as partes se deterioriam com o tempo, e, em 1963, Kennedy consideraria apoiar um golpe contra Jango, para evitar "o surgimento de uma nova Cuba no hemisfério". A utilidade do Brasil para negociar com Havana chegaria ao fim com o golpe de 1964, apoiado por Washington.

Segundo Hershberg, antes disso, contudo, o Brasil “pode ter desempenhado um papel importante na limitação do confronto entre EUA e Cuba em um momento perigoso, influenciando Fidel a salvaguardar e, eventualmente, libertar os prisioneiros da Baía dos Porcos (...) evitando assim um ato que poderia muito bem ter desencadeado uma crise e potencialmente uma intervenção militar dos EUA 

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Zelikow response to National Security Archive: Saving the Bay of Pigs Prisoners: Did JFK Send a Secret Warning to Fidel Castro – through Brazil?

by Philip Zelikow
H-Diplo, May 1, 2021

Jim Hershberg's useful documentary compilation adds important context to a critical, yet largely overlooked, episode in President John F. Kennedy's thinking about Fidel Castro and Cuba in March-April 1962. At this time Kennedy made it clear to the leader of the Cuban exiles that the U.S. would not invade Cuba to help them overthrow Castro's government. This news deflated hopes among the exiles, causing considerable anger. Hershberg's work adds a vital clue about why Kennedy took this stance at that time.

In the National Security Archive's new briefing book (#758, 29 April 2021), Hershberg posts documents explaining that, in late March 1962, Kennedy and his key Latin American aide, Dick Goodwin, were very concerned that Castro's government was about to execute a group of Cuban rebels that had been captured in the failed CIA-sponsored invasion of Cuba at the Bay of Pigs in April 1961. These executions would inflame American opinion against Castro. 

On March 16, Kennedy reviewed the guidelines for the CIA program against Castro, Operation Mongoose, He allowed contingency plans to proceed but "expressed skepticism that in so far as can now be foreseen circumstances will arise that would justify and make desirable the use of American forces for overt military action." [Ed. note, "Guidelines for Operation Mongoose," _FRUS_ 1961-1963, vol. 10, doc. 314]. 

On March 28 or 29, the head of the Cuban exiles and their Cuban Revolutionary Council, Jose Miro Cardona, met at the White House with Kennedy's national security adviser, McGeorge Bundy. Hershberg notes this meeting and their discussion about Castro's possible execution of the captives. Cardona and his colleagues pleaded for enough help to invade Cuba and overthrow Castro. Bundy pushed back. He told them that any such action had to be decisive and complete. That meant open involvement of U.S. armed forces. "This," he said, "would mean open war against Cuba which in the U.S. judgment was not advisable in the present international situation." Cardona did not like this answer. He regarded Bundy's stance as "polite but cold." [Memcon, 29 March 1962, _FRUS_ 1961-1963, vol. 10, doc. 317 (drafted on March 13, according to the _FRUS_ editors, but this seems unlikely; Cardona, the next year, dated the meeting as occurring on March 28); Cardona resignation letter, 9 April 1963, Wilson Center Digital Archive]. 

On March 29, there was a meeting of the overseers of the CIA Mongoose program. This was a disagreeable meeting in which it was agreed that the U.S. might arrange some deal to get release of the Cuban captives, offering U.S. supplies of food. This decision overrode the objections of the CIA director, John McCone, and the CIA's Mongoose manager, William Harvey. McCone was frustrated at this time, pushing for American military intervention in Cuba. [Memo for the Record, _FRUS_, vol. 10, doc. 318, also doc 319].

Enter Hershberg's findings. Hershberg explains that Dick Goodwin (whom the Cuban exiles disliked) was managing the issue of how to save the captives. The same day, March 29, Bundy and Goodwin agreed that Goodwin would approach Brazil's leader, who was about to visit the White House, and seek his help. Goodwin worked this through the Brazilian ambassador on March 30. In that meeting, Goodwin explained how the executions of the captives would inflame American opinion at a time when Kennedy felt American opinion was "getting more tranquil and less emotional in relation to Cuba." [Hershberg text accompanying note 27, referring to doc. 9 in his EBB].

On April 2, Brazil's president, Joao Goulart, publicly appealed to Castro to spare the captives. Hershberg notes that a pair of journalists for the _Miami News_ later disclosed that this public appeal was accompanied by a secret message from Brazil to Cuba, coming out of the Goodwin channel. In this secret message, the Brazilians reportedly relayed Goodwin's message that execution might cause a harsh U.S. reaction, while clemency might tilt Kennedy against intervention. [Hershberg text accompanying notes 34-37].

On April 8, Cuba announced the sentence -- the captives would be spared. What later ensued was a set of negotiations involving the U.S. lawyer James Donovan, working with Goodwin, that did eventually produce a deal that exchanged American goods for the release of the Cuban captives.

Hershberg speculates about the significance of this secret U.S. offer relayed through Brazil. But he does not comment on the immediate sequel, which certainly adds credence to his speculation.

Two other journalists at the _Miami News_ had arranged for the frustrated head of the Cuban exiles, Cardona, to meet with Robert Kennedy. He promised help on the captives. He arranged for Cardona and his colleagues to meet directly with President Kennedy, on April 10.

On April 10, Cardona met with JFK for an hour. Robert Kennedy and Goodwin were there. A year later, Cardona claimed that JFK had urged the Cubans to keep training their forces, that "your destiny is to suffer" but "do not waver." [Cardona resignation letter, April 1963]. Goodwin's record at the time is different. At this meeting, Kennedy specifically rebuffed Cardona's plea that the U.S. commit itself to intervene in support of another rebel invasion. [Goodwin to JFK, 14 April 1962, and Passavoy to Record, "Topics Discussed during Meeting of Dr. Miro Cardona with the President," 25 April 1962, both in NSF, box 45, Cuba: Subjects, Miro Cardona, Material sent to Palm Beach, JFK Library]. The _FRUS_ editors unfortunately did not include these documents, which record the only meeting in 1962 between JFK and the leader of the Cuban exiles. I published this information in 1999 [_Essence of Decision_, Pearson, revised edition, with Graham Allison, 84 and 132, n. 26) and 2000 ("American Policy in Cuba, 1961-1963," _Diplomatic History_, 24:2, 321)].

There is no question that Kennedy's deflating message to Cardona reinforced what the State Department's Cuban desk officer called the "deep sense of frustration and impatience" in the Cuban exile community "over what it considers 'inactivity' regarding the overthrow of the Castro regime." Cardona came under internal attack because he had "failed to convince the United States to embark on a military operations program." Cardona considered resigning. [Hurwitch to Martin, 19 April 1962, _FRUS_, doc. 329].

In sum, if Hershberg's findings are added to the wider context -- Kennedy's March-April 1962 rejection of both Cuban exile and CIA pleas for a more aggressive U.S. policy against Castro -- his hypothesis seems right. Kennedy, through Goodwin and with the help of the Brazilians, does appear to have communicated, accurately, that Castro's decision on whether to spare the captives was coming at a pivotal moment in U.S. policy, and could reinforce a growing trend against direct U.S. intervention.

It is also important to notice that Castro's intelligence service had penetrated the Cuban exile community and therefore was presumably well aware of their unease and frustration about U.S. plans. According to senior former Cuban intelligence officials, at this time, in April-May 1962, Cuban intelligence concluded that it did not fear a U.S. invasion of Cuba. And the Soviet leadership had already approved, on April 12, a strong defensive arms package for Cuba, despite Castro's actions against the pro-Soviet leader of Cuba's Communist Party. 

Thus, when Khrushchev decided more than a month later, at the end of May, to deploy a force of ballistic missiles to Cuba, Castro assumed that the Soviet leader was doing this for other, global, reasons. I have argued elsewhere that these had much to do with the final phase of the Berlin crisis. This background helps explain why the KGB resident in Havana thought Castro would say no to the Soviet missile request. But, in fact, Castro was willing to take the missiles out of a sense of socialist solidarity. [On the Cuban intelligence views, see Domingo Amuchastegui, "Cuban Intelligence and the October Crisis," in James Blight and David Welch, eds., _Intelligence and the Cuban Missile Crisis_ (Routledge, 1988); see generally the revised _Essence of Decision_, 84-88, including the cited recollections of Fidel Castro himself and other Cuban leaders compiled between 1989 and 1992]. 

Hershberg's findings about the U.S.-Brazilian diplomacy and Castro's well-judged decision to spare the Bay of Pigs captives thus add an important new layer of understanding to this fascinating story.

Philip Zelikow
University of Virginia


segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

A ditadura como sistema de governo corrompido - Por um personagem tipico

Adivinhem quem disse isto: 

"Não há sistema de governo mais corrompido que uma ditadura. É verdade que há governos constitucionais corrompidos também. Mas os governos constitucionais têm que acautelar-se, porque são obrigados a submeter-se a eleições e podem perder essas eleições – se há democracia verdadeira, se realmente votam as pessoas; ademais nesses casos, há um freio na denúncia pública, há um freio na liberdade de expressão, há um freio no processo eletivo, que se repete cada par de anos.
Mas quando se trata de uma ditadura, nada disso conta, e a mesma durará vinte e até mais anos...
Ninguém acusa os ditadores; ninguém os denuncia, porque não pode; ninguém os reprova, e ninguém os substitui."

Quem disse isso?

Discurso do Doutor Fidel Castro Ruz, chefe da delegação de Cuba ao segundo período de sessões da Comissão dos Vinte e Um, na sexta sessão plenária.
Buenos Aires, 2 de maio de 1959.
In: 
Brasil. Presidência da República: 
Operação Pan-Americana, Documentário VII
(Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Presidência da República, 1960, p. 121-145), cf. p. 133.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Fidel Castro: uma vida dupla, de mentira, de luxuria, de roubos, e de ditadura - livro

The Double Life of Fidel Castro: My 17 Years as Personal Bodyguard to El Lider Maximo

The Double Life of Fidel Castro: My 17 Years as Personal Bodyguard to El Lider Maximo

In The Double Life of Fidel Castro, one of Castro's soldiers of 17 years breaks his silence and shares his memoir of years of service, and eventual imprisonment and torture for displeasing the notorious dictator, and his dramatic escape from Cuba.
Responsible for protecting the Lider maximo for two decades, Juan Reinaldo Sánchez was party to his secret life - because everything around Castro was hidden. From the ghost town in which guerrillas from several continents were trained, to his immense personal fortune - including a huge property portfolio, a secret paradise island, and seizure of public money - as well as his relationship with his family and his nine children from five different partners.
Sanchez's tell-all expose reveals countless state secrets and the many sides of the Cuban monarch: genius war leader in Nicaragua and Angola, paranoid autocrat at home, master spy, Machiavellian diplomat, and accomplice to drug traffickers. This extraordinary testimony makes us re-examine everything we thought we knew about the Cuban story and Fidel Castro Ruz.
(less)
Hardcover, 288 pages
Published May 12th 2015 by St. Martin's Press (first published May 22nd 2014)
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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Fidel Castro e Hannah Arendt em Princeton - Rafael Rojas (El Pais)

La noche que Hannah Arendt escuchó a Fidel Castro

El líder cubano dictó una conferencia magistral en la Universidad de Princeton en 1959

Los archivos de la Universidad de Princeton guardan una historia que ayuda a comprender la deriva totalitaria de la Revolución Cubana y la difícil lectura que hizo Occidente de ese fenómeno latinoamericano y caribeño. En abril de 1959, el primer ministro de la nueva Cuba, Fidel Castro, y su delegación se desviaron de su itinerario de Washington a Nueva York en una primera visita a Estados Unidos, organizada por la American Society of Newspapers Editors, y pasaron un par de días en la Universidad de Princeton.
La visita de Castro a Princeton fue facilitada por varios profesores e instituciones de la Universidad: el historiador Roland T. Ely, estudioso de la economía cubana y autor de los clásicos La economía cubana entre las dos Isabeles (1960) y Cuando reinaba su majestad el azúcar (1963); el embajador Paul D. Taylor, presidente de la American Whig Cliosophic Society, que extendió la invitación a los cubanos, y la Woodrow Wilson School, cuyo programa de Civilización americana había organizado por esos mismos días de abril de 1959 un seminario titulado The United States and the revolutionary spirit.
Castro pronunció la conferencia magistral de ese seminario, el lunes 20 de abril de 1959, en la noche. Según las notas que tomó el embajador Taylor, el premier cubano comenzó disculpándose de tener que hablar ante un grupo de expertos y propuso que lo escucharan como a un revolucionario práctico, como a alguien que no estudiaba sino que producía una revolución. Al decir de Castro, la Revolución Cubana había derribado dos mitos de la historia latinoamericana del siglo XX: que era posible vencer a un Ejército profesional, poseedor de armas modernas, y que también era posible revolucionar al pueblo cuando este no estaba hambriento.
Fidel Castro sostuvo que la Revolución Cubana no alentaba el choque de clases
La segunda observación es interesante, a la luz del relato oficial de la historia cubana, que, en el último medio siglo, ha insistido en presentar la sociedad de la isla, anterior a 1959, bajo el triple flagelo del “hambre, la miseria y la explotación”. Curiosamente, en abril de 1959, Fidel Castro decía a los profesores y estudiantes de Princeton que una de las originalidades de su revolución era que había triunfado en un país latinoamericano con un relativo bienestar social. La cubana, según aquel Castro, había sido más una revolución política y moral contra una dictadura corrupta que una rebelión de clases, de pobres contra ricos. Por eso había sido apoyada por el “95% del pueblo”, generando un fenómeno de “unanimidad de opinión”, inédito en la historia de Cuba.
Este análisis permitía a Fidel Castro sumarse al debate sobre Estados Unidos y el “espíritu revolucionario”, entre historiadores, filósofos, sociólogos y economistas de Princeton. El tema central en aquel seminario y en buena parte del pensamiento filosófico e histórico, en Estados Unidos durante la Guerra Fría, era el paralelo entre las revoluciones norteamericana, francesa y rusa, como modelos contrapuestos de cambio social. Según las notas de Taylor, en su conferencia Fidel Castro sostuvo que la cubana se inscribía más en la tradición de 1776 que de 1789 o 1917 porque no alentaba el choque de clases. Tampoco proponía la confrontación con Estados Unidos, ya que preservaba la distancia del comunismo y sugería una defensa de los intereses nacionales de Cuba que Washington podía aceptar porque se enmarcaba en su propia tradición independentista.
Uno de los profesores que intervino en ese seminario y que, probablemente, escuchó a Fidel Castro aquella noche del 20 de abril de 1959 fue la filósofa alemana Hannah Arendt. Justo en 1959, la autora de Los orígenes del totalitarismo (1951) y La condición humana (1958) había sido contratada como profesora en Princeton y comenzaba a investigar la historia de las revoluciones francesa y norteamericana. La ponencia que Arendt presentó en el seminario fue el punto de partida de su ensayo On revolution (1963). En los agradecimientos de este libro, Arendt comentaba que la idea del volumen había surgido durante aquel seminario sobre “Estados Unidos y el espíritu revolucionario”, organizado por el programa de Civilización americana de la Woodrow Wilson School de Princeton.
Para Arendt, la revolución y la guerra son dos fenómenos radicalmente distintos
En su libro, Arendt sostenía que el enlace histórico entre la revolución y la guerra, dos fenómenos, a su juicio, radicalmente distintos, había distorsionado los objetivos básicos de la tradición revolucionaria moderna, que eran la libertad y la felicidad. La ventaja que, a su entender, conservaba la revolución de 1776 en Estados Unidos sobre la francesa y la rusa era que, al enfrentar la “cuestión social” de la igualdad por medio del derecho constitucional, había logrado aquellos objetivos históricos. El jacobinismo y el bolchevismo, en cambio, producían una desconexión entre justicia y ley —lo que Ferenc Feher conceptualizará luego como “revolución congelada”— que alentaba el despotismo y dilapidaba el legado moral o el “tesoro perdido” de la revolución.
A pesar de haber escrito su libro entre 1959 y 1963, en Nueva York, una ciudad donde se debatió intensamente la radicalización comunista de la Revolución Cubana, Arendt no hizo alusiones a Cuba o a Fidel Castro. De hecho, la filósofa solo se refería a América Latina una vez en su ensayo y lo hacía para colocar la experiencia de las revoluciones del Tercer Mundo, en el siglo XX, más en la tradición francesa y rusa que en la norteamericana. Podría elaborarse un argumento similar al de Susan Buck-Morss en relación con la falta de alusiones a la revolución haitiana en la Fenomenología del espíritu de Hegel, pero es muy probable que en aquel silencio hubiera tanto prejuicio colonial como rechazo al totalitarismo comunista, aún en una región tan dominada e intervenida por los imperios atlánticos como el Caribe.
En otros momentos de su libro, Arendt hablaba de las “dictaduras de un solo partido” y de los regímenes burocráticos de la Unión Soviética y Europa del Este como nuevas formas de tiranía. En 1963, esa parecía ser la elección racional de los dirigentes cubanos, por lo que las palabras de Fidel Castro, aquella noche en Princeton, debieron sonarle, cuatro años después, como un perfecto embuste. Según aquel Castro, la diferencia entre la Revolución Cubana y la francesa y la rusa era que, en estas, “un pequeño grupo había tomado el poder por la fuerza e instaurado una nueva forma de terror”, mientras que en aquella un pueblo entero se había movilizado por “odio a una dictadura”.
Rafael Rojas es historiador cubano. Su último libro es Los derechos del alma. Ensayos sobre la querella liberal-conservadora en Hispanoamérica (Taurus, 2014).

terça-feira, 8 de julho de 2014

Fidel Castro: a vida capitalista (mais, nababesca) de um ditador comunista

Um ditador ordinário leva uma vida extraordinária, não na ilha miserável que ele administra como uma fazenda mal cuidada, mas na sua ilha privada, particular, pessoal, exclusiva, indecente.
Mas reparem: Cuba não é miserável por que o seu ditador ordinário tem uma ilha particular, com todos os luxos da aristocracia do dinheiro. Cuba é miserável por causa do regime socialista.
Fidel, como presidente, ou mesmo como ditador ordinário, poderia ter a sua ilha paradisíaca e sua vida de nababo, e ainda assim o povo cubano desfrutar de uma vida razoável, se estivesse num sistema capitalista ordinário.
Mas, o que eles tem, naquela ilha infeliz, é um socialismo miserável, ordinário, disfuncional, afrontoso do ponto de vista dos direitos humanos, da democracia, da simples razão e do bom senso.
E pensar que os companheiros protegem, sustentam, subsidiam, gostam desse ditador, sancionam o tipo de vida miserável que ele imprime ao seu povo.
Os companheiros devem ser esquizofrênicos, ou então de muita má fé, totalitários em potencial...
Paulo Roberto de Almeida

Usina de Letras, 29/06/2014
às 19:00 Vasto Mundo

UM ESPANTO: Fidel Castro e sua inacreditável ilha particular (que não é Cuba)

PARAÍSO SECRETO — Localizada a 15 quilômetros do litoral sul de Cuba, Cayo Piedra é, desde a década de 60, o refúgio particular e preferido de Fidel Castro (Foto: Reprodução/VEJA)
PARAÍSO SECRETO — Localizada a 15 quilômetros do litoral sul de Cuba, Cayo Piedra é, desde a década de 60, o refúgio particular e preferido de Fidel Castro (Foto: Reprodução/VEJA)
A ILHA DO CARA
Revelado o segredo dos altos índices de desenvolvimento humano em Cuba.
Eles devem estar sendo medidos na ilha privativa de Fidel Castro, um paraíso nababesco
Reportagem de Leonardo Coutinho publicada em edição impressa de VEJA
Cultuado pelos partidos de esquerda do Brasil e da América Latina, Fidel Castro vende com facilidade a falsa imagem do revolucionário despojado, metido antes em farda de campanha e, agora, na decrepitude, em agasalhos esportivos Adidas que ganha de presente da marca alemã.
Inúmeros relatos de pessoas que privaram da intimidade de Fidel haviam arranhado a aura de asceta do ditador cubano. Sabia-se que ele manda fazer suas botas de couro, sob medida, na Itália; que tem um iate e um jato particulares; come do bom e do melhor – enfim, nada diferente da vida luxuosa levada, em despudorado contraste com a miséria do povo, por tantos ditadores de todos os matizes ideológicos no decorrer da história.
Mas, como manda o manual do esquerdismo latino-americano, que nunca conseguiu se afastar do culto ao caudilhismo populista, se a realidade sobre Fidel desmentir a lenda, que prevaleça a lenda. Assim, a farsa sobrevive. Assim, as novas gerações vão sendo ludibriadas.
Resta ver se a farsa vai resistir às revelações sobre a corte de Fidel que aparecem na autobiografia de um ex-guar­da-costas do ditador, Juan Reinaldo Sánchez. O livro, que está chegando às livrarias brasileiras no fim de junho com o título A Vida Secreta de Fidel (Editora Paralela), revela excentricidades que seriam aberrantes mesmo para um bilionário capitalista.
Algum rentista de Wall Street tem uma criação particular de golfinhos destinados unicamente a entreter os netos?
Fidel tem.
Os líderes das empresas mais valorizadas do mundo, Google e Apple, que valem centenas de bilhões de dólares, são donos de ilhas particulares secretas, vigiadas por guarnições militares e protegidas por baterias antiaéreas?
Com um total de 1,5 quilômetro de extensão, as duas ilhotas têm uma estrutura luxuosa e recebem exclusivamente familiares e amigos íntimos do ditador (Foto: Reprodução/VEJA)
Com um total de 1,5 quilômetro de extensão, as duas ilhotas têm uma estrutura luxuosa e recebem exclusivamente familiares e amigos íntimos do ditador (Foto: Reprodução/VEJA)
Fidel tem tudo isso em sua ilha – e não se está falando de Cuba, que, de certa forma, é também sua propriedade particular.
O que o ex-guarda-costas revela em detalhes é a existência de uma ilha ao sul de Cuba onde Fidel Castro fica boa parte do seu tempo livre desde a década de 60. Nada mais condizente com uma dinastia absolutista do que uma ilha paradisíaca de usufruto exclusivo da família real dos Castro.
Juan Reinaldo Sánchez narra a liturgia diária do séquito de provadores oficiais que experimentam cada prato de comida e cada garrafa de vinho que chegam à mesa do soberano para garantir que não estejam envenenados. “A vida inteira Fidel repetiu que não possuía nenhum patrimônio além de uma modesta cabana de pescador em algum ponto da costa”, escreve Sánchez no seu livro.
A modesta cabana de Fidel é uma imensa casa de veraneio de 300 metros quadrados plantada em Cayo Piedra, ilha situada a 15 quilômetros da Baía dos Porcos, no mar caribenho do sul de Cuba. Quando Fidel conheceu Cayo Piedra, logo depois do triunfo de sua revolução de 1959, o lugar lhe pareceu o refúgio ideal para alguém decidido a nunca mais deixar o poder.
Eram duas ilhotas desertas sobre um banco de areia com uma rica fauna marinha. Condições excelentes para a caça submarina, um dos passatempos do soberano resignatário de Cuba. Muito se especulava sobre a existência do resort de Fidel, mas sua localização só se tornou conhecida agora, depois da publicação do livro de Sánchez.
O escritor colombiano Gabriel García Márquez, falecido recentemente, frequentava esse refúgio e, claro, nunca revelou o segredinho do amigo Fidel.
As coordenadas da casa principal de Cayo Piedra são: latitude 21°57¿52.06″N e longitude 81°7¿4.09″O. Além dela, o paraíso caribenho de areias branquinhas e mar transparente foi equipado com alojamento para a guarda pessoal, casa de criados, estação de geração de energia, baterias antiaéreas, um viveiro de tartarugas (Fidel as adora numa sopa), uma casa de hóspedes de 1 000 metros quadrados, piscina semiolímpica e um delfinário – que podemos apelidar, por que não, de a “Sea World do castrismo”.
Um lazer obsceno, quando se sabe que os cubanos não têm recursos para frequentar praias, reservadas aos turistas estrangeiros e seus dólares. Quando vão à praia, é para tentar um bico como guia ou se prostituir.
Em Cayo Piedra há também um heliporto, que serve apenas para o recebimento de suprimentos e para uma eventual emergência. Segundo Sánchez, Fidel só viajava para a ilha a bordo de seu iate – pelo menos até o seu câncer no intestino se agravar, em 2006.
Aquarama II é uma versão melhorada e ampliada de uma embarcação que ele confiscou de um milionário local depois de derrubar o governo de Fulgencio Batista, em 1959. Construído nos anos 70, o iate de Fidel tem 27,5 metros de comprimento e leitos para dezesseis pessoas, as mais privilegiadas no conforto de duas suítes.
O interior é revestido de madeiras nobres de Angola e há quatro motores – presentes do então líder soviético Leonid Brejnev – capazes de desenvolver a velocidade de 78 quilômetros por hora. No salão principal estão seis poltronas de couro negro. Uma delas, a maior, era exclusiva de Fidel. Ele costumava passar os 45 minutos da viagem bebendo uísque da marca Chivas Regal, o seu preferido, com gelo.
OSTENTAÇÃO — Fidel, em 1988, com o guarda-costas Juan Reinaldo, autor do livro devastador sobre o luxuoso estilo de vida do ditador socialista, ídolo do PT (Foto: SIPA Press)
OSTENTAÇÃO — Fidel, em 1988, com o guarda-costas Juan Reinaldo, autor do livro devastador sobre o luxuoso estilo de vida do ditador socialista, ídolo do PT (Foto: SIPA Press)
Em Cuba, uma garrafa custa 45 dólares, o dobro do salário mensal de um cidadão comum. Iate, mesmo que setentão? Um luxo, sem dúvida, ainda mais num país em que até os pescadores são proibidos de ter canoas, para evitar que fujam para os Estados Unidos, a 200 quilômetros de Cuba.
A residência de Fidel em Havana é uma casa de dois pavimentos com área construída de cerca de 1 200 metros quadrados e situada no centro de uma propriedade de 30 hectares, o equivalente a 36 campos de futebol. Conhecida como Ponto Zero, a área concentra ainda um conjunto de mansões onde vivem alguns de seus filhos.
Há casas de hóspedes, academia de ginástica, piscina, lavanderia industrial e até uma sorveteria exclusiva para a família Castro. As ruas dos arredores são inacessíveis para qualquer outro morador da cidade. O sítio urbano e cercado por muralhas de Fidel também tem um pomar, uma horta orgânica, um galinheiro e um curral.
O ditador é obcecado por suas vacas. No período em que Sánchez frequentou sua casa, cada integrante da família bebia o leite de uma vaca específica. A do ditador era a de número 5, o mesmo da camisa de basquete que ele usava na juventude.
Fidel dizia que o leite de cada vaca tinha um nível de acidez e que, depois de muitos testes e cruzamentos genéticos, ele havia encontrado o sabor de leite ideal para cada um dos cinco filhos que teve com Dalia del Valle, sua segunda mulher, com quem vive até hoje. (No total, Fidel tem nove filhos, incluindo um do primeiro casamento e três de relações extraconjugais.)
A farra das vacas leiteiras de Fidel é um acinte em um país em que apenas crianças de até 7 anos têm acesso garantido ao leite, e ainda assim limitado a 1 litro por dia.
Houve um tempo, conta o seu ex-se­gurança, em que Fidel guardava suas preciosas vacas na mesma casa em que morava uma de suas amantes, a revolucionária de primeira hora Celia Sánchez, no bairro de Vedado, um dos melhorzinhos de Havana. Celia, falecida em 1980, ocupava o 4º e último andar de um dos melhores imóveis da quadra.
No 3º andar, ficavam quatro vacas, que foram alçadas ao estábulo especial por meio de guindastes. Elas tinham em seus aposentos mais espaço do que a maioria dos seres humanos da capital, onde é comum que duas ou mais famílias sejam obrigadas a dividir um apartamento no qual deveria caber apenas um casal com dois filhos.
A relação obsessiva de Fidel com as vacas limita-se, aparentemente, à produção de leite. Uma delas, que chegou a figurar no Guinness por produzir 109 litros de leite em um único dia, está exposta no Museu da Revolução. Empalhada. À mesa, o ditador preferia peixe, lagosta, presunto espanhol e ovelha, enquanto os seus súditos se consideram afortunados quando têm carne de porco e, ainda mais raramente, de frango para comer.
Frutos do mar, para os cubanos, só em restaurantes turísticos e ao custo de um salário mensal. Não é difícil encontrar em Havana adultos que nunca comeram um bife de boi ou um assado de ovelha na vida. Pelo menos eles não convivem com a paranoia de morrer envenenado, como ocorre com Fidel, que exige que cada prato feito por seus dois chefs particulares seja provado antes por um funcionário ou pelo guarda-costas. Suas roupas, depois de lavadas e passadas, são submetidas a um teste de detecção de radiação.
Com o fim dos repasses de dinheiro da União Soviética para Cuba, no início da década de 90, conta o ex-guarda-costas, Fidel organizou um esquema de venda no mercado negro de diamantes contrabandeados de áreas de conflito na África e passou a vender serviços a traficantes colombianos. “Para Fidel, o narcotráfico era uma arma de luta revolucionária antes de ser um meio de enriquecimento ilícito”, escreveu Sánchez, que trabalhou com Fidel entre 1977 e 1994.
Ele foi demitido depois que o seu irmão fugiu de balsa para os Estados Unidos. Para Fidel, era inadmissível ter ao seu lado alguém que não previu que dentro de sua família havia “traidores da revolução”. Sánchez foi preso. Depois de dois anos na cadeia, passou uma década tentando fugir do país. Conseguiu em 2008, e levou consigo alguns segredos de Fidel.

 

jueves, 22 de mayo de 2014


LA VERDADERA VIDA DE FIDEL CASTRO: YATES, RESIDENCIAS LUJOSAS Y VIAJES CON MILLONARIOS

 
Su guardaespaldas durante 17 años cuenta que el dictador cubano “nunca ha renunciado al confort del capitalismo ni ha vivido con austeridad”.
 
 
(LD/AGENCIAS).- “En contra de lo que siempre dice, nunca ha renunciado al confort del capitalismo ni ha elegido vivir con austeridad”, escribeJuan Reinaldo Sánchez, que durante 17 años fue guardaespaldas de Fidel Castro y que ahora publica un libro sobre la vida privada del líder de la revolución cubana.
 
 
Yates lujosos, una veintena de residencias repartidas por toda la isla o partidas de caza “a lo Luis XV”, tanto en las frondosas provincias del norte como en los privilegiados fondos marinos, son algunos de los detalles que saca a la luz La cara oculta de Fidel Castro, escrito junto al periodista francés Axel Gyldén y que estará en las librerías francesas el próximo día 28.
 
El comandante se cuidó mucho de mantener lejos de la vista de los cubanos su vida privada, “el secreto mejor guardado de la Revolución”, asegura Juan Reinaldo Sánchez, según los extractos del libro que ha podido consultar Efe.
 
 
El hombre que acompañó casi a diario a Fidel entre 1977 y 1994 describe el lujoso yate del líder, Aquarama II, copiado del de un allegado del régimen de Fulgencio Batista (presidente de Cuba entre 1940-1944 y de facto en 1952-1959), con cuatro motores, que le regaló el dirigente soviético Leónidas Breznev.
 
 
Fondeado en su puerto privado de Bahía de Cochinos, cada paseo del barco implica todo un despliegue, que incluye otros dos navíos, uno de ellos totalmente medicalizado, una patrullera militar y varios aviones en alerta para evitar que el comandante sufra un atentado.
 
 
En general, el Aquarama II sirve para dar agradables paseos marítimos, pero también para ir a Cayo Piedra, una pequeña isla situada en el sureste de Cuba, un “paraíso para millonarios” en el que Castro reposa rodeado de lujo. Fidel Castro ha dado a entender que la Revolución no le dio ningún respiro, ningún placer; que ignoraba y despreciaba el concepto burgués de vacaciones. Mentía”, afirma Sánchez.
 
El guardaespaldas relata que él estuvo “cientos de veces” en ese “pequeño paraíso”, donde era el encargado de escoltar al comandante durante sus numerosas batidas de caza submarina en unos fondos marinos casi vírgenes.
 
 
En cuanto el tiempo era clemente, Fidel y su esposa Dalia acudían casi cada fin de semana a Cayo Piedra, mientras que en la temporada de lluvias el comandante prefería la caza del pato en la mansión La Deseada, situada en la provincia de Pinar del Río.
 
“En agosto, los Castro se instalaban durante un mes en su isla de ensueño”, desde la que el líder acudía a La Habana en helicóptero si algún imperativo así lo exigía, añade.
 
Ningún cubano de a pie penetró en la secreta isla de Castro, a la que solo un reducido grupo de privilegiados, casi todos extranjeros, fueron invitados.
 
 
Reinaldo Sánchez recuerda al expresidente colombiano Alfonso López Michelsen, al empresario francés Gérard Bourgoin, conocido como el “rey del pollo”, el propietario de la CNN Ted Turner o el dictador de la República Democrática Alemana Erich Honecker. Aunque los más habituales del lugar eran el escritor Gabriel García Márquez y el héroe de la revolución Antonio Núñez Jiménez.
 
En una de esas visitas, indica el autor, Fidel propuso a Gabo lanzarse a la conquista de la presidencia colombiana con el apoyo de Cuba, pero el escritor “prefería disfrutar de los placeres de la vida quedándose confortablemente al margen de la política”.
 
 
Lo que no consiguió con García Márquez, tener un peón en Colombia, lo logró años más tarde con Hugo Chávez en Venezuela, señalaReinaldo Sánchez, quien asegura que el líder cubano “siempre tuvo en la línea de mira el petróleo” de ese país. “Sabía que era la clave para financiar su sueño internacionalista de oponerse a Estados Unidos, agrega.
 
La cara oculta de Fidel Castro no describe solo el lujo de la vida del dictador cubano, sino que también analiza otros aspectos de su régimen, la dinastía familiar, seguida por la de su hermano Raúl. El ex guardaespaldas también se centra en la costumbre que tenía Fidel de grabar a todos sus colaboradores y allegados o su intento por extender la revolución a Nicaragua.
 
Reinaldo Sánchez cayó en desgracia en 1994 por pedir la retirada y la jubilación. Fue encarcelado y, tras múltiples peripecias, logró escapar en 2008 para reunirse con su familia en Estados Unidos.
 
 
NOTA: Las imágenes y destacados no corresponden a la nota original.

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