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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Prognóstico não muito otimista quanto ao futuro da nação - Paulo Roberto de Almeida

Prognóstico não muito otimista quanto ao futuro da nação

Paulo Roberto de Almeida 

O Brasil enfrenta o ano de 2024 com uma “Argentina” inteira de aposentados (40 milhões de dependentes de trabalhadores ativos, em redução progressiva) e uma outra “Argentina” de dependentes da ajuda oficial, e que ainda se caracteriza por uma baixíssima produtividade em seu capital humano. 

Parece muito dificil que um país assim conformado consiga crescer economicamente e se desenvolver adequadamente. A baixa poupança privada, a despoupança estatal, uma educação de massas de péssima qualidade, uma casta política predatório, um mandarinato estatal totalmente descompromissado para com as necessidades da maioria da população, fazem com que nossa trajetória atual e no futuro de médio prazo não seja muito promissora.

Sorry pelo realismo duro no confronto com os votos otimistas que normalmente se fazem a cada final de ano.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 18/12/2023

terça-feira, 19 de setembro de 2023

A ditadura equivocada na China - Carlos Alberto Sardenberg

A ditadura equivocada na China

Carlos Alberto Sardenberg

O Globo, 16/09/2023


Como não há debate sobre a falência de certas políticas, não há base para a procura das mais corretas

O governo da China enfrenta sérias dificuldades naquilo que parecia ser sua especialidade: botar o país para crescer. Há problemas econômicos específicos — como o endividamento das administrações regionais e o esgotamento de grandes projetos de infraestrutura —, mas a questão básica é mais profunda. Trata-se da perda de eficiência do sistema político, aquele que se poderia chamar de ditadura esclarecida.

Ditadura, pelo óbvio. A sociedade vigiada e controlada pelo Partido Comunista. Na economia, ampla abertura para o investidor privado nacional e estrangeiro. Por trás disso, o comando de uma burocracia formada nas melhores universidades ocidentais e treinada em grandes companhias.

Um pequeno exemplo: a política monetária é aplicada pelo Banco do Povo da China. O povo não manda nada. Mandam economistas que trabalham exatamente como os mais eficientes banqueiros centrais do mundo.

Há uma ideologia por trás disso. Sustenta que a democracia política, estilo ocidental, não funciona e, pior, atrapalha o crescimento econômico. Muito debate, parlamentos atrasando a aplicação dos programas, imprensa incomodando, sociedade reclamando e resistindo a medidas do governo — não há como ter eficiência, diz essa doutrina. Mas, para que isso seja verdade, é preciso admitir que a tecnocracia é eficiente e sabe claramente os interesses atuais e futuros dos cidadãos e do país. Logo, não erra.

Pois o governo do presidente Xi Jinping vem cometendo erros sucessivos. O mais desastroso foi o programa Covid Zero. A ideia era bloquear a transmissão do vírus. Um teste positivo numa fábrica — e se fechava toda a fábrica, trabalhadores e funcionários lá dentro, por quantos dias fosse necessário para testar todo mundo e isolar os doentes. Um caso num bairro, e todos os moradores eram simplesmente trancados em suas casas, com barricadas à frente dos prédios. Se o vírus escapava do bairro mesmo assim, regiões inteiras eram isoladas. Um caso num porto, e se fechavam todas as operações ali.

Sendo essa a política, o governo se descuidou da vacinação — e deu tudo errado. A Covid Zero paralisou seguidamente a economia e não impediu a transmissão. Quando, finalmente, se abandonou a política, a economia estava desorganizada, a sociedade cansada e não vacinada. Depois o governo se equivocou em várias tentativas de recuperação, e o resultado aí está: a China crescendo muito pouco, os ganhos de renda bloqueados.

Como se chegou a esse ponto? Pela natureza do regime. Sem democracia, sem livre debate, os médicos e cientistas que alertavam sobre os erros da Covid Zero eram simplesmente presos ou trancados em casa. Incipientes debates em alguma imprensa regional, reportando reclamações de moradores, foram rapidamente abafados.

O mesmo acontece nas decisões de política econômica. Quando o presidente e a administração central erram, a burocracia mantém esse erro, insiste, até que as próprias instâncias superiores, o presidente e a cúpula do partido percebam a besteira. De novo, como não há debate sobre a falência de certas políticas, não há base para a procura das mais corretas. Erro atrai erro.

E quer saber? É bom que isso esteja acontecendo. O povo chinês paga um preço e também muitos países cujas economias se ligaram mais fortemente à China. Mas era preciso desmistificar o sistema e derrubar a ideia de que a democracia atrapalha. É notável também a perda de prestígio da China como parceiro econômico e geopolítico. Se o governo lá muda suas políticas sem consultar seu próprio povo, por que consultaria outros governos?

Assim é que os países ocidentais no sentido amplo, democráticos e desenvolvidos — incluindo Japão, Austrália e Coreia do Sul —, buscam parceiros confiáveis. Países emergentes democráticos são candidatos. Alguns pularam na frente. O México ultrapassou a China como maior fornecedor dos Estados Unidos. Canadá também. A União Europeia, outro exemplo, procura fontes de energia fora da Rússia.

Enquanto isso, o Brasil de Lula, antiamericano, se alinha com China e Rússia.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Does Democracy Drive Growth? - Greater Pacific, London and Mumbai

  

Greater Pacific, Londres e Mumbai – 7.7.2022

Does Democracy Drive Growth? Can China Succeed Without it and India Prosper Under it?

 

The 20th Century has undoubtedly been the century of democracy. The past 100 years have seen democratic government move from being an anomaly for modern states to being the rule, with the number of democratic countries in the world increasing from under 10 in 1900 to over 120 in 2007, covering nearly 60% of the world’s population. The fall of Communism late in the 20th century was seen as the final triumph for liberal democracy and the capitalist economic system it supported. However, in the minds of many, China’s economic rise over the past 30 years cast doubt over the superiority of democratic government, at least with regards to creating economic growth and prosperity, its own brand of state capitalism having delivered decades of double digit GDP growth. India in contrast stood as a developing country that failed to demonstrate the economic growth from its democracy. Today, developing countries appear to have the choice to reject liberal democracy without rejecting economic growth, by following China’s authoritarian-based development model. However, the question of democracy and the role of freedom in economic growth has resurfaced as China sees its own growth slowing and struggles to once again re-invent its economy while preserving its authoritarian political institutions. In contrast, India’s growth has started to increase under its new leadership. Understanding freedom’s impact on economic development appears to once again be critical for both the likely economic trajectory of major economies such as China and India and indeed for the continued growth of democracy in the world, which at least in Western minds, is not just an economic growth enabler but also a fundamental human right.

 

Do Democracy and Freedom Drive Economic Growth?

 

This seemingly straightforward question has sparked much debate and analysis, which has typically sought to separate the impacts of democracy (defined as "a system of government in which all the people…are involved in making decisions about its affairs” ) from that of freedom. In terms of the former, strong arguments have been voiced both in favour of and against democracy’s impact on growth. Its supporters point to the developed world and the OECD in particular, arguing that only democracies have to date created post-industrial economies and societies. Its detractors point to China, who under authoritarian leadership has embarked on one of history’s most amazing development feats, and to countries such as India, which despite (or because of, they argue) its democracy has suffered from low growth for much of its modern history. Logical arguments about democracy’s impact or lack thereof on growth support both sides of the debate. Supporters of democracy point to the accountability it creates for leaders and the checks and balances on their power that it instils in addition to democracy’s broader promotion of fundamental human rights and the dignity of the individual, which are (more or less) universally recognised as worthy goals in and of themselves. Democracy’s detractors on the other hand point to the distorting effects that elections give rise to, ranging from a skewed focus on short-term priorities over long term needs to the undemocratic impact of special interest groups shaping government policy.

While it is clear that democracies (and politically free) states are on average richer than authoritarian and unfree states, studies that have tried to statistically quantify democracy’s impact on economic growth, have been inconclusive. This is should be no surprise given the complexity in separating cause and effect in topics related to social science and impact of variables other than freedom impacting economic growth. In broad-based studies, authoritarian states include the majority of the world’s high growth oil states, while the democratic states include among others African states at the time of their independence, then lacking the basic institutions required to ensure security, stability and development.

More straightforward however, is the question of economic freedom on economic (GDP) growth, which has been clearly demonstrated. The key transmission mechanisms whereby economic freedom drives growth include the creation of strong institutions (including property rights, the rule of law and free markets), a focus on creating and unlocking value from human capital and the reduced importance of government consumption in the economy. Some combination of these factors, if not all of them, have been critical components to the successful economic development of every major economy in the world during the past 50 years. Importantly, these growth promoting economic freedoms are not necessarily accompanied by political freedoms or democratic government: Chile and South Korea (not to mention China), for example in the early phases of their development implemented economic freedoms under authoritarian regimes and still grew successfully as a result. Further, as the events of the Global Financial Crisis has shown, economic freedom, particularly an excess of freedom in the form of a fundamental lack of regulation, can have high economic costs, enabling extreme cycles, market bubbles and subsequent crashes. However, despite big swings, these freedoms also create systems of enterprise that are self-balancing and end up putting the country and its people back on an upward trajectory of growth, which explains their enduring success (and the corresponding failure of communist economic planning).

While democracy’s statistical impact on economic growth may remain uncertain, economic growth’s impact on democracy is clear, and strongly positive. The increased standards of living that result from growth (which are a result of economic freedoms) invariably drive demands for political rights too, and only a few countries have been able to resist the demands of its citizens for political reforms over the long term. What is less clear is what happens to growth once these political reforms and freedoms are implemented and whether democratic transitions on balance hurt or help further economic growth, especially in the short term.

Understanding this relationship is critical to understanding the economic value of democracy, (its fundamental value as a fundamental human right aside). Is democracy a “luxury good” that, while valuable for its own sake, can only be afforded past a given level of national wealth or is it a required cost in ensuring sustainable growth above a certain level of development that virtually all countries need to make? The answer to this question likely depends not only on what happened to GDP growth after democratisation but also on at what levels of GDP the transition itself took place at. History has shown that democratisation in the absence of strong institutions and a base of economic performance has led to serious economic and political disruptions and even regime failure in some cases (e.g. post-colonial Africa and certain former members of the USSR). What is more, the process of democratisation by revolution and mass uprising can destabilise existing institutions, thereby depressing economic development and undermining the political reform process itself, as the lessons of the Arab Spring in countries such as Egypt demonstrate. This is by no means to say that the choice of people to rise up en masse is not a legitimate part of the process of social-political change; it is to recognize that it can lead to economic and political setbacks and unintended consequences. The key questions to ask therefore are (i) where along the development curve does the pressure to democratise sustainably build up, (ii) whether democratising at this stage drives or restricts further GDP growth and (iii) how long do the adjustment pains last after which one can expect the trajectory to continue to be an upward one.

These questions are highly relevant to both India and China: India has (many believe) paid a high price in the past for being a democracy, and the key questions for it are whether and where along its own development curve the hoped for “democratic dividend” will kick in. China on the other hand has for a long time enjoyed economic success from having implemented many of the economic policies and (to a lesser extent) freedoms that help growth while continuing to run an authoritarian political regime. Given the dramatic shift down of China’s economy, markets and currency, for China observers (if not China itself), the question of the value of democracy to continued prosperity and when the demand for democracy is likely to be at critical or irresistible point is critical, given that successive leaderships have appeared to be committed to maintaining the political status quo indefinitely, regardless of economic development levels and growth considerations.

 

When Do States Democratise?

 

What is undeniably true is that there are only a few examples of developed and at least moderately wealthy countries that are not democratic and politically free. The table below captures all of the countries with GDP/capita levels above US$7,500, and compares economic prosperity with political freedom. While this does not provide an indication of when and how countries have democratised during their development, it does show that the pressure towards political liberalisation has been resisted by only a small number of well to do countries.

A closer look at the undemocratic outliers above reveals their being in one of two groups, either resource rich states (e.g. the Gulf States and other oil producers) or countries that have delivered consistent and a few nations with long-term high economic growth (e.g. China, Turkey, and to a lesser degree Singapore).Resource-rich states of course either directly own the natural resources in question or generate the majority of their tax income from them, making them less dependent on, and receptive to its citizens’ wishes, impacting the balance of power between state and society. However, the Arab Spring has demonstrated that this cannot be taken for granted indefinitely, particularly in states with large young and increasingly well connected populations with access to information. High growth states, on the other hand, have a powerful currency in the form of increasing household wealth that they can offer its citizens in exchange for continuing to forfeit increasing political freedom. The former of these models is of course dependent on the continued production of natural resources, while the latter model is dependent on delivering consistent and on-going growth. The table on the right captures the long-term growth rates and effective resource dependency of the outliers, indicating their grouping in one or the other of these categories.

 

Para acessar íntegra, com gráficos e quadros:

https://www.greaterpacificcapital.com/thought-leadership/does-democracy-drive-growth-can-china-succeed-without-it-and-india-prosper-under-it

segunda-feira, 2 de maio de 2022

China, três visões do seu crescimento econômico - Chartbook 118 - Adam Tooze

 Roubo, do último Chartbook de Adam Tooze, três gráficos sobre seu desempenho espetacular, mas a sua produção por trabalhador ainda está bem abaixo da dos trabalhadores americanos.

Primeiro, seu desempenho em matéria de PIB: 


Agora o valor agregado por trabalhador: 


Finalmente, as matrículas no terceiro ciclo têm crescido consistentemente: 



sexta-feira, 16 de abril de 2021

O pífio crescimento econômico da América Latina - FMI

Apenas um trecho: 

The region’s contraction of 7 percent in 2020 was the sharpest in the world, by far exceeding the global slowdown of 3.3 percent. Growth for 2021 is projected at 4.6 percent, well below the 5.8 percent estimated for emerging markets excluding China. Income per capita will not catch up with its pre-pandemic level until 2024, resulting in a 30 percent cumulative loss relative to the pre-pandemic trend.


Short-term shot and long-term healing for Latin America and the Caribbean

By Alejandro Werner, Takuji Komatsuzaki, and Carlo Pizzinelli

Growth in Latin America and the Caribbean recovered briskly in the second half of 2020, yet still more slowly than the global economy and other emerging markets. That’s despite unprecedented policy support, strong performance of trading partners, soaring commodity prices and accommodative global financial conditions. The persistence of the health crisis in many countries casts a shadow on the near-term outlook. People and economies continue to require a short-term shot to exit from the COVID-19 crisis, while the aggravation of several underlying structural fragilities poses significant long-term challenges.

The region’s contraction of 7 percent in 2020 was the sharpest in the world, by far exceeding the global slowdown of 3.3 percent. Growth for 2021 is projected at 4.6 percent, well below the 5.8 percent estimated for emerging markets excluding China. Income per capita will not catch up with its pre-pandemic level until 2024, resulting in a 30 percent cumulative loss relative to the pre-pandemic trend.

Slow and divergent recovery

The outlook, however, is subject to an extraordinary degree of uncertainty as the race between vaccines and the virus continues. On the upside, faster control of the pandemic globally as well as stronger than anticipated domestic policy support would boost growth. Fast vaccination and significant policy support are giving Chile a short-term boost. The country is expected to bounce back already this year to its pre-pandemic GDP level.

On the downside, the recent resurgence of the virus in Brazil, Chile, Paraguay, Peru and Uruguay, combined with slow vaccine rollouts (except in Chile) cast a shadow on the near-term outlook—though new lockdowns are likely to be less damaging than at the start of the pandemic as economies have learned to adjust. Brazil is projected to recover by 2022 due to the withdrawal of fiscal and monetary policy support and slow vaccine rollout. Mexico will only return to its pre-pandemic GDP level by 2023, despite impulse from the US’ large fiscal policy plan, due to the absence of significant domestic fiscal support and the reversal of structural reforms. The American Rescue Plan will boost growth in some Central American countries through trade and remittances, helping these countries to rebound by 2022. Caribbean tourism-dependent economies will be the last to recover (only in 2024) due to the slow resumption in tourism.

The increase in US long-term yields so far has had a somewhat muted impact on asset prices and capital flows in the region. But a continued increase in long-term interest rates remains a risk.

Unequal effects

The recovery has also been heterogeneous within countries. Manufacturing has rebounded faster than contact-intensive services, aided by exports in some cases, particularly in Mexico. However, labor markets remain fragile—only two-thirds of those who lost jobs at the beginning of the pandemic in Brazil, Chile, Colombia, Mexico and Peru were employed again by the end of last year. The informal sector, which suffered the largest losses initially, has driven the job recovery.

Average labor income fell since the beginning of the pandemic, with pronounced divergences in labor market outcomes across countries, sectors, and demographic groups. Countries that implemented employment retention schemes (for example, Brazil) had a less dramatic fall in employment but the recovery has also been slower. However, even in the case of a relatively quick recovery in Mexico, those who have been reemployed have had larger earning losses than those whose employment remained uninterrupted during the crisis. Women and low-educated workers have struggled the most. Low-skilled female workers in particular lost more jobs or had to cut back on working hours even when able to retain employment, suffering the largest income losses.

chart 1

 

Long-lasting consequences

Poverty is estimated to have increased by 19 million people, and inequality, as measured by the Gini coefficient, increased by 5 percent compared to pre-crisis levels. The pandemic will also leave long-lasting damage to human capital from school closures, which were longer than in other regions.

chart 2

 

While the precise learning losses are difficult to estimate, staff analysis suggests that students aged 10 to 19 might expect a 4 percent lower income on average over their lifetimes if the lost days of schooling in 2020 are not compensated.


The income losses differ among countries, depending on how much the pandemic reduces the chance of completing secondary education and on the size of the skill premium for higher education. The losses will be greatest for students whose families are less able to support out-of-school learning, exacerbating already high income inequality and low levels of educational attainment.

chart 3

 

The most urgent task continues to be controlling the pandemic, by ensuring that health care systems are adequately resourced, and everybody can be vaccinated. Fiscal and monetary policies should remain supportive in countries where there is sufficient policy space—a short-term shot for their economies—while countries with tight budgets should reprioritize spending towards healthcare and support for households, and work to create additional fiscal space. Given the continued heavy toll on low-income workers, targeted support to facilitate job creation and retraining may be warranted.

Healing longer-term scars will be more challenging and will require accelerating structural reforms, expanding access to high-quality education and health, broadening social safety nets, and improving the business climate. A deeper structural transformation that could be facilitated by a broad fiscal pact is needed to reverse years of slow growth.

chart 4

 

Alejandro Werner is Director of the IMF's Western Hemisphere Department.

Takuji Komatsuzaki is a senior economist in the Regional Studies Division of the IMF’s Western Hemisphere Department.

Carlo Pizzinelli is an economist in the Regional Studies Division of the IMF's Western Hemisphere Department.

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quarta-feira, 14 de abril de 2021

Brasil: um país totalmente preparado para NÃO crescer - Banco Mundial

Brasil despencou em ranking de PIB per capita nos últimos 40 anos, aponta FMI

País volta a níveis de 2013

Pode ter meio século perdido

Brasileiros conseguem comprar cada dia menos com o que ganham Cris Faga/Imago Images (via DW)


14.abr.2021 (quarta-feira) - 9h22

À 1ª vista, o Brasil tem um poder econômico impressionante. Medido pelo PIB (Produto Interno Bruto) em dólares, de acordo com a paridade do poder de compra, o Brasil ocupa a 8ª posição entre as economias mundiais. Mas o quadro é completamente diferente se dividirmos o poder econômico pela população, ou seja, se forem considerados o PIB per capita e a paridade do poder de compra, sendo contabilizados também os diferentes custos de vida nos países.

De acordo com esse método, o Brasil ocupa atualmente a 85ª colocação entre 195 países do mundo. O FMI (Fundo Monetário Internacional) publicou recentemente novos prognósticos, segundo os quais os brasileiros continuarão perdendo renda em relação ao resto do mundo até 2026, quando chegarão à posição de número 90.

O assustador dessas estatísticas, porém, é a perspectiva histórica: em 1980, o Brasil ainda ocupava o 50º lugar entre os países do mundo, segundo a renda per capita de sua população. Mas, desde então, de 7 a 10 países superaram o Brasil a cada década. Há 40 anos que o Brasil vem caindo nesse ranking, que registra o que cada população tem disponível como renda.

RENDA ENCOLHE DESDE 2013

Os brasileiros tinham a renda comparativamente mais alta em 2013: era de, em média, US$ 15.886 no final do ano, ponderada de acordo com a paridade do poder de compra. No final de 2020, os salários haviam encolhido para US$ 15.000. As projeções de crescimento futuro do FMI em seu último relatório estendem-se até 2026. Até lá, os brasileiros ainda não terão atingido a renda de que dispunham em 2013, dada a fraca expectativa de crescimento.

Desempenho econômico brasileiro decepciona devido à falta de competitividade do país em vários setores Picture Alliance/DPA/W.Rudhart (via DW)

Na América Latina, Chile, México e Argentina estão acima do Brasil em termos de renda média per capita. A Colômbia também deve superar o Brasil em breve.

Em retrospecto, sempre há bons argumentos a serem encontrados para a redução da renda nos últimos 40 anos: os planos econômicos fracassados ​​e a severa recessão de 1983, perto do fim da ditadura. E mais o Plano Collor, de 1990, no qual o governo confiscou as poupanças para combater a inflação. Tudo isso gerou quedas bruscas na renda semelhantes à de agora, na pandemia, ou às ocorridas após 2010 durante a queda dos preços das commodities ou dos escândalos da Operação Lava Jato.

DESEMPENHO DECEPCIONANTE

Mas seria enganoso vincular a redução da renda da população a eventos isolados. Porque mesmo o elevado crescimento dos anos 2000, com a alta dos preços de commodities como minério e soja, não foi capaz de impedir o declínio do povo brasileiro na escala de renda global, mas apenas de desacelerá-lo. A renda do brasileiro aumentou quase 30% entre 2001 e 2010, mas oito países no mundo apresentaram aumento mais elevado no período.

As razões para o desempenho decepcionante da renda do Brasil são mais profundas – mas são bem conhecidas: é a baixa competitividade do Brasil. Isso se aplica a toda a economia, política, Judiciário, assim como à burocracia, mas também à força de trabalho, com algumas exceções.

“Não é nada de novo, não precisa perder muito tempo em reuniões e comitês, é integrar o Brasil à economia mundial, reduzir proteção comercial, fazer reformas administrativa, fiscal e tributária, investir mais, aumentar o capital humano. Já conhecemos a agenda há dez, 20 anos”, afirmou Alberto Ramos, do banco de investimentos Goldman Sachs, em entrevista ao jornal Valor Econômico“A razão de ela ser a mesma é exatamente porque não avança. E o futuro será igual ao passado se não reformar.”

E o futuro não parece bom neste momento, segundo Ramos. “Se não acertar o passo, em vez de uma década, vai perder meio século.”


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Destaque IEDI: conciliação entre crescimento econômico e desenvolvimento sustentável

 

DESTAQUE IEDI
29/10/2020 
  
Economia sustentável e crescimento mundial 
  
Crescimento econômico e sustentabilidade ambiental não são objetivos opostos. É o que mostra estudo recente do FMI. Políticas econômicas apropriadas podem ajudar a enfrentar os desafios da mudança climática e, ao mesmo tempo, manter a economia mundial numa trajetória sustentável de crescimento. A combinação de imposto sobre a emisão de carbono e subsídios para produção de energia verde mais barata e abundante incentiva o setor privado a investir em adaptações verdes e na adoção de matriz energética sustentável. Como resultado, contribui diretamente para elevar o emprego e o PIB mundial. 
  
1% 
No curto prazo, uma economia mais sustentável aumentaria o PIB mundial em 1% na média de 2021-23, principalmente pelos investimentos em infraestrutura. 
  
  
Após 15 anos, os ganhos da transição energética continuariam importantes, mesmo com o imposto sobre carbono: +0,8% no PIB mundial na média do triênio de 2036-38.
  
0,8% 
  

domingo, 16 de agosto de 2020

O Brasil tem jeito? - Paulo Roberto de Almeida

O Brasil tem jeito?


Paulo Roberto de Almeida
[Objetivocomentário econômicofinalidadedebate público]


Ou seja, quando voltaremos a crescer de maneira sustentada (o que nunca conseguimos fazer, verdadeiramente), com transformações estruturais e distribuição social desses benefícios?
Não sei, sinceramente, pois que os obstáculos não estão propriamente na área técnico-econômica, que pode ser corrigida em dois ou três anos, bastando responsabilidade fiscal, estabilidade macroeconômica, competição microeconômica (o que ainda não temos), boa governança (está difícil), alta qualidade dos recursos humanos (este o gargalo principal) e abertura ao comércio exterior e aos investimentos estrangeiros (temos aquele protecionismo atávico, que vem dos barões-ladrões da indústria, e aquele sentimento de amor e ódio: amamos o capital estrangeiro, mas detestamos o capitalista estrangeiro).
Está difícil de conseguir tudo isso?
Eu sei.
A última vez que crescemos um pouquinho (mas era quase nos arrastando), foi no início do século, entre 2003 e 2008, mas isso porque a economia mundial retomou, por breve tempo, as taxas que ela não mais exibia desde o primeiro choque do petróleo (1973).
De fato, a vida melhorou sob Lula, mas 30% disso eram o resultado do Tripé do Plano Real, finalmente consolidado entre 1999 e 2000 (metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal, com o tal de superávit primário); os outros 30% nos foram dados pela China (soja a quase 600 dólares a tonelada, minério a quase 200, etc.); e os outros 30% eram distributivismo estatal não sustentável (gasto público crescendo sistematicamente mais que inflação, mais que PIB, mais que a produtividade, que Dona Dilma, vulgo Madame Pasadena, praticou desde 2005; quando ela ficou de presidente-fantoche conseguiu criar a maior recessão made in Brazil de nossa história).
Como não era sustentável, deu no que deu, e ainda não saimos disso, nem vamos sair facilmente, por causa de Dona Pandemia, que vai nos manter no pântano por mais dez anos pelo menos.
Como as “zelites”, os mandarins do Estado e os políticos em geral são, pela ordem, (a) predatórios, (b) medíocres e (c) egoístas-perversos, os pobres estarão onde estão hoje por mais de uma geração, ou seja, 25 a 30 anos, por baixo.
Com todos esses defeitos das nossas elites, vocês queriam o quê? 
Um Canadá no Brasil? 
Sinto muito, mas não vai dar...
Fica para mais ou menos 2060, está bem?
Mas, sem a neve do Canadá.
Não se desesperem: vão sobrar alguns índios e os últimos gramscianos da Fefelech da USP.
O Brasil não acaba tão fácil.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3734, 15 de agosto de 2020


quinta-feira, 5 de março de 2020

A mediocridade do crescimento parece ser estrutural - Editorial Estadão

Estagnação em 2019, vírus em 2020

Brasil cresceu apenas 1,1% no primeiro ano do governo Bolsonaro. É preciso evitar a tentação de usar o vírus para justificar mais um ano de estagnação

Editorial O Estado de S. Paulo, 5/03/2020


O Brasil emperrou no primeiro ano do governo Bolsonaro, com crescimento econômico de apenas 1,1%. Foi um resultado inferior ao de qualquer dos dois anos anteriores, quando o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 1,3%. Sem reconhecer o fiasco, o Ministério da Economia aponta “melhora substancial” na atividade, com o setor privado puxando a produção e o investimento. É uma estranha comemoração. Um dos motores principais do setor privado nos grandes emergentes, a indústria de transformação, cresceu 0,1%, quase nada. O investimento produtivo, de fato puxado pelas empresas privadas, avançou 2%, bem menos que no ano anterior, quando havia crescido 3,9%, quase o dobro do verificado em 2019.
Juros em queda, um dos poucos estímulos oferecidos à atividade econômica no ano passado, contribuíram para a expansão do consumo das famílias, mas tiveram pouco ou nenhum efeito no investimento em máquinas, equipamentos, construções e outros elementos do capital fixo. Esse conjunto, onde se incluem também as obras de infraestrutura, como estradas, centrais elétricas, portos e hospitais, é o parque produtivo de bens e serviços, considerado apenas em seu aspecto físico.
O total investido em 2019 ficou em 15,4% do PIB, pouco acima da proporção do ano anterior (15,2%) e abaixo da estimada para 2016 (15,5%), último ano da recessão. Investir em potencial produtivo é essencial para garantir crescimento econômico duradouro e sustentável, sem pressão inflacionária e com baixo risco de problemas nas contas externas.
O Brasil está longe disso. Neste século, a maior taxa de investimento bruto foi a de 2013, quando atingiu 20,9% do PIB. Essa proporção ainda ficou longe do nível mínimo considerado necessário a um país como o Brasil, de cerca de 24%. O baixo potencial produtivo explica as projeções modestas de crescimento econômico nos próximos anos. No mercado, essas projeções têm ficado em 2,5% ao ano, muito abaixo das possibilidades de outras economias emergentes.
O crescimento do PIB em 2019 poderia ter sido maior, segundo o Ministério da Economia, se o País tivesse ficado livre de alguns infortúnios, como a tensão comercial entre Estados Unidos e China, o baixo crescimento das trocas internacionais, a recessão argentina, intempéries no território nacional e, é claro, o desastre de Brumadinho. Mas outros países também foram afetados por vários desses problemas e ainda cresceram bem mais que o Brasil.
A indústria extrativa de fato foi prejudicada pela tragédia de Brumadinho e sua produção diminuiu 1,1%. Mas o fraco desempenho do setor de transformação é atribuível a outros fatores. A crise na Argentina, importante mercado importador de manufaturados brasileiros, é apenas um componente da explicação. A baixa demanda interna e o escasso poder de competição da maior parte da indústria são partes importantes da história. No ano passado, o governo pouco fez para atacar esses problemas. Além disso, uma atitude mais proativa neste ano parece pouco provável, por enquanto.
Um dos poucos sinais animadores, no balanço do ano passado, é o crescimento da construção. A atividade avançou 1,6%, depois de quatro anos de retração. Se a melhora persistir, o setor poderá proporcionar algum estímulo a outras áreas da indústria e também aos serviços, contribuindo para maior oferta de postos de trabalho. Em 2019, o desemprego caiu muito lentamente. No fim do ano os desocupados ainda eram 11% da força de trabalho e o subemprego era amplo, assim como a informalidade.
Para 2020 as projeções mais comuns indicam, por enquanto, crescimento na faixa de 2% a 2,2%. A epidemia de coronavírus pode justificar uma revisão para baixo. Em outros países, a preocupação tem sido acompanhada de ações para atenuar os danos econômicos do surto. Corte de juros é a medida mais evidente. Mas o governo deve examinar se há espaço para outros estímulos. É preciso evitar a tentação de usar o vírus como justificativa para mais um ano de estagnação.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

A estagnação estrutural da economia brasileira - Roberto Macedo

Não acredito numa retomada do crescimento econômico brasileiro em bases sustentáveis, pelo menos não antes de profundas reformas estruturais, não apenas tributária.
Não pretendo formular o famoso "projeto nacional", nem haveria acordo para fazer um. 
Proponho algo mais modesto: tomar três relatórios objetivos sobre as características das economias nacionais, e aplicar de cada um deles todas as medidas que cabem fazer no Brasil para que tenhamos: 
1) um bom ambiente de negócios: Relatório Doing Business do Banco Mundial
2) uma retomada dos ganhos de produtividade: World Competitiveness Report, do WEF
3) amplas liberdades econômicas: Economic Freedom of the World, da Heritage Foundation e Freedom House
Acredito que a aplicação sistemática das recomendações desses três relatórios combinados, independentemente de entrar ou não na OCDE, melhoraria barbaramente as condições econômicas no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

PIB – 2010-2019, a pior de 12 décadas
Nosso produto interno bruto está em depressão há 5 anos e em estagnação há 40
Roberto Macedo
O Estado de S.Paulo, 16 de janeiro de 2020

Volto a esse tema, abordado também em entrevista para a jornalista Márcia De Chiara publicada na última segunda-feira neste jornal (Década passada foi a pior para PIB do país, pág. B3) e que se estendeu na web (estadão.com.br/e/pior_decada). Os dados básicos para obter 12 taxas decenais de variação do produto interno bruto (PIB) estão em www.ipeadata.gov.br, onde há a série “Produto interno bruto (PIB) a preços de mercado: variação real anual ... de 1901 até 2018”, em %.

Com essas taxas, cheguei a taxas médias anuais de crescimento do PIB em cada década, sendo que para a primeira foram usados dados de 1901 a 1909, e para 2019 a previsão de 1,17% do Boletim Focus, do Banco Central, de 3/1/2020.
Um gráfico mostrou essas taxas em dois movimentos. O primeiro, de forte tendência de aumento, vai da primeira década, com taxa média de 4,6%, até a de 1970, quando chegou a 8,8%, a maior de todo o período. No segundo, a taxa cai fortemente para 3% na década de 1980, e fica perto ou até bem abaixo desta nas décadas de 1990 (1,8%), 2000 (3,4%) e 2010 (1,4%), esta a menor das 12 décadas desde a de 1900!
É de estagnação esse período de 1980 a 2010. Meu dicionário diz tratar-se de “situação em que o produto nacional não cresce à altura do potencial econômico do país”. É claramente o caso do Brasil. Seriamente desarrumado, poderia crescer bem mais, mas está aí, estagnado, a ponto de ser disseminada a satisfação com a perspectiva de uma taxa perto de 2,5% em 2020 e daí para a frente. É muito pouco! O economista Manoel Pires, do Ibre/FGV, disse que o País vive fase de “expectativas rebaixadas”.
Internacionalmente, também está por baixo. No portal do Fundo Monetário Internacional encontrei comparação das taxas de crescimento do Brasil nessas quatro décadas e a média geral decenal das mostradas por 155 economias emergentes ou em desenvolvimento, que foram de 3,20 (1980), 3,63 (1990), 6,10 (2000) e 5,11 (2010), sempre superiores às do Brasil, já citadas, e muito superiores nas duas últimas décadas.
Márcia De Chiara foi muito feliz ao tratar também a questão social, da qual falei sobre questões como o desemprego e a dificuldade de ascensão social com a queda do crescimento econômico. Mas foi além. Levantou-se bem cedo e foi até uma paróquia que dá a primeira refeição do dia a moradores de rua, cujo número vem aumentando bastante, e entrevistou dois deles, que relataram suas enormes dificuldades.
Ascensão social é conceito mais operacional que o da desigualdade social, esta de solução muito mais difícil. Se houver crescimento bem mais acelerado, virão mais e melhores oportunidades de trabalho e as pessoas de renda mais baixa também terão condições de seguir em frente e melhorar de vida, até mesmo ascendendo socialmente, sem ficarem paradas a observar e invejar minorias que conseguem manter seu status social mais alto.
Quanto ao que fazer para crescer bem mais, além de reformas como as pregadas por Paulo Guedes, e de outras que deveriam ser efetivadas, como as do Legislativo e do Judiciário, um grande esforço deveria voltar-se, com senso de urgência, para desenvolver e aplicar um plano estratégico de desenvolvimento para o Brasil. Um plano desse tipo deve incluir objetivos, metas, o que deve ser feito para alcançá-los e como será gerenciado, implementado e cobrado de seus executores.
Os temas iriam bem além daqueles hoje mais discutidos no Brasil. Uma questão crucial será o aumento da capacidade produtiva do País, mediante investimentos públicos e privados, o que também geraria renda para fatores de produção, como capital e trabalho, renda essa que, assim, também sustentaria o crescimento pelo lado da demanda. E entrariam outros temas típicos de um processo de desenvolvimento sustentável, como as inovações, o aumento da produtividade e da competitividade interna e externa, a educação com foco em competências, a ampliação do comércio exterior, a defesa do meio ambiente, o enfrentamento de desigualdades sociais e o papel das instituições nesse processo. Instituições em sentido lato, o das regras do jogo que precisam favorecer os investimentos e o crescimento.
Hoje o debate econômico está por demais focado na análise macroeconômica, que trata de políticas de curto e médio prazos, como a fiscal e a monetária, mais voltadas para movimentos cíclicos da economia. Cabe uma visão também focada no crescimento de prazo mais logo e sustentável, que nos cursos bem estruturados de Economia não cabe à disciplina Macroeconomia, mas à de Desenvolvimento Econômico. A literatura também é diferente. Caberiam livros como o de Daron Acemoglu e James Robinson Por que as nações fracassam e o de David Landes A Riqueza e a Pobreza das Nações – Por que algumas são tão ricas e outras tão pobres.
Não tenho pretensão de ter uma receita cobrindo todos os aspectos envolvidos, o que exigiria uma ampla equipe, e não só de economistas, mas de cientistas das várias áreas envolvidas, e de praticantes como funcionários governamentais, empresários, profissionais liberais e outros, com toda a argumentação sustentada por evidências científicas.
Dadas as “expectativas rebaixadas”, seria o caso de contar também com psicólogos para atuarem na recuperação da autoestima do Brasil e dos brasileiros, concitando todos a assumirem o compromisso de melhorar e atuar nessa direção, com atenção especial aos governantes. Quanto a estes e a grande parte da classe política, cabe pregar-lhes a fundamental importância de eticamente lutarem pelo bem comum, e não por atenderem à ampla privilegiatura que atua em sentido contrário.
Num país que teve forte recessão de dois anos, embutida numa depressão já com cinco e passando por estagnação de 40, há muito, muito o que fazer.

É ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR, E PROFESSOR SÊNIOR DA USP