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sábado, 29 de setembro de 2018

O estado da nação - Paulo Roberto de Almeida

O estado da nação

Paulo Roberto de Almeida

O Brasil aparece, no mais recente relatório anual do Fraser Institute, Economic Freedom of the World 2018 (dados de 2016), no último quartil de 162 países, os menos livres, num vergonhoso 144. lugar, menos livre economicamente do que a China comunista e supostamente estatizante (classificação 108).
Nosso retrocesso do terceiro quartil se deveu inteiramente às políticas econômicas do lulopetismo exacerbado. Um retrato mais completo, com todas as variáveis incluídas pode ser vista no relatório, cujo link eu postei em meu blog: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/economic-freedom-of-world-2018-report.html?spref=fb&m=1
Minha diferença com a direita rústica do anti-lulopetismo econômico (à parte o fato óbvio que eu não sou de direita, e sim um liberal pragmático e racionalista), se situa no fato de que eu em nenhum momento acredito que os lulopetistas pretendam transformar o Brasil em país socialista, levar-nos ao comunismo, implantar uma ditadura de esquerda ou outras bobagens do gênero.
Os lulopetistas não pretendem, de nenhuma forma, acabar com o capitalismo no Brasil. Ao contrário: eles pretendem fortalecê-lo ao máximo, com grandes empresas internacionais brasileiras, tecnologia própria, essas coisas.  Mas eles pretendem a existência de um capitalismo especial: em estreita simbiose com o Estado, tutelado, guiado e controlado pelo Estado, que eles pretendem obviamente controlar estando em seu poder, legalmente eleitos pelo voto popular para formar governos perfeitamente aparelhados por eles. Pessoalmente, os lulopetistas pretendem enriquecer por todas as formas e vias possíveis, fazendo do partido o mecanismo básico para isso, saqueando empresas e agências estatais, extorquindo capitalistas privados, em colusão com os banqueiros, reforçando os sindicatos e as corporações de Estado, controlando “movimentos sociais” como correias de transmissão do partido, etc. Nada que já não tenhamos observado em outras experiências socialistas no decorrer do século XX, com as variantes e diferenças que se impõem no nosso contexto.
Trata-se de um stalinismo soft — por enquanto baseado em carisma construído—, combinado a maciças doses de propaganda mentirosa e de gramscismo empírico (ou seja, dispensando qualquer teoria ou mesmo estudo das tábuas sagradas da doutrina), o que é tremendamente facilitado pela indigência sub-intelectual de formadores de opinião no jornalismo e na academia (dois poderosos focos de transmissão e alimentação de true believers na causa em todos os estratos da sociedade).
A estratégia tem sido eficaz e exitosa, o que deve levar o Brasil a atravessar mais alguns anos de mediocridade econômica e de indigência cultural, até que uma crise mais séria force uma mudança de maioria política. Mas atenção: não haverá, antes de muito tempo, qualquer mudança de mentalidade, pois isso é muito mais difícil de ocorrer. 
Em resumo: sinto ter de profetizar uma longa decadência ao Brasil, tanto mais constrangedora que o lulopetismo atualmente dominante é do tipo gangsterista, o que me faz acreditar que o país continuará dominado, nos próximos anos, pela mesma organização criminosa que já esteve no poder entre 2003 e 2016.
Estou sendo muito pessimista?
Não creio...

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 29 de setembro de 2018

domingo, 22 de abril de 2018

Roberto Campos disseca o lulopetismo desde a origem (1993)

Violinista do campo de concentração
Roberto Campos, deputado federal 
O Globo, do dia 18 de abril de 1993

"Lembro-me vagamente de um filme de Claude Lelouch em que músicos judeus se enfileiravam para tocar na orquestra do campo de concentração. Com um pouco de Mozart e Beethoven e - oh! suprema humilhação! - umas árias do antissemita Wagner escapavam temporariamente à câmara de gás. E talvez conseguissem uma sopa reforçada”. 
Essa imagem me veio à mente ao saber dos jantares oferecidos a Lula por empresários paulistas. Certamente fantasiam que o sindicalista selvagem possa se transformar no capitalista domesticado. Não se trata, obviamente, de uma conversão na estrada de Damasco, mas talvez de um desvio eleitoral na estrada de Garanhuns. Esperam não apenas ser poupados, mas até arranjar um pequeno cartório. Afinal de contas, o PT apoiou os cartórios de informática e agora parece inclinado a proteger a pirataria das patentes. 
Hoje acredito que os únicos esquerdistas que entendem a economia de mercado são aqueles que experimentaram, na carne, a cruel ineficiência do "socialismo real". Não os nossos socialistas de bar, de púlpito ou de palanque. 
O sonho presidencial de Lula é um pesadelo para os que sonham com a modernização do Brasil. Seu partido é excludente, pois prega o conflito de classes, coisa obsoleta nas modernas sociedades integrativas. De seu nome, "Partido dos Trabalhadores", infere-se que os outros são partidos de vagabundos... 
A modernização brasileira passa pela renúncia dos "ismos": nacionalismo, populismo, estruturalismo e estatismo doenças que no PT têm a irreversibilidade da AIDS. As curas são conhecidas: desinflação, privatização, desregulamentação, destributação, liberalização comercial e reinserção no sistema financeiro internacional.
A ideologia petista está seguramente desequipada para todas essas tarefas. Em matéria de inflação, sua propensão é atribuí-la não aos desmandos do Governo e sim à ganância dos empresários. Dificilmente resistiriam à tentação de controlar preços, pelo menos os dos oligopólios e da cesta básica. A privatização é relutantemente aceita como um modismo liberal a ser estudado. "Estamos interessados", diz Lula, "em discutir os setores estratégicos que deverão continuar subordinados ao Estado". Lula, aparentemente, ignora que o que se chama no Brasil de “setores estratégicos” como petróleo, eletricidade e telecomunicações; sempre foram privados (ou estão sendo privatizados) nas sete economias mais poderosas do mundo... 
Não é de admirar, aliás, que Lula não entenda a essencialidade da privatização, quer para a cura da inflação, quer para a retomada do crescimento. O PT é cada vez menos um partido de operários e cada vez mais um partido de funcionários. E estes estão incrustados nas estatais, como carrapatos burocráticos. Para a CUT, a privatização não significa-melhoria da eficiência e redução da corrupção. “Veem-na apenas como um ‘‘harakiri” do corporativismo! Também não se pode esperar de Lula o apostolado da desregulamentação. Basta lembrar o apoio do PT à máfia portuária, no caso da extinção do monopólio dos sindicatos. 
Pouco se pode esperar, outrossim, em matéria de destributação. Isso pressuporia a redução do tamanho e funções do Estado e o reconhecimento realista de que "não se consegue enriquecer os pobres empobrecendo os ricos" (para lembrar a expressão do líder trabalhista inglês, Hugh Dalton, que aprendeu na década de 50 o que os nossos trabalhistas ainda não aprenderam). 
Pouco se poderia esperar também em termos de abertura comercial. É um caso em que empresários e trabalhadores se irmanam na proteção de empregos nas indústrias ineficientes, esquecendo-se da alternativa melhor de geração de empregos por exportadores eficientes. Quanto à reinserção no mercado financeiro internacional, nem é bom falar! O PT sempre foi favorável à moratória e tem muito menos entendimento das funções do FMI do que russos e chineses, os quais deixaram de considerá-lo apenas como o “comitê executivo do capitalismo”, para nele ver uma fonte de recursos e de assistência técnica para a estabilização dos preços. 
Não há sinais, outrossim, de que o PT se tenha convencido de que a decretação, como o fizemos na Constituição de 1988, de amplas "conquistas sociais", não elimina a lei da oferta e da procura no mercado. Para trágico desapontamento-da população brasileira, depois das "conquistas sociais", nunca o salário mínimo real foi tão baixo, nunca o nível de desemprego foi tão alto, nunca pior a distribuição de renda.  
À parte Brizola, cujo relógio mental parou há 30 anos, não parece haver, não galeria de presidenciáveis, ninguém mais despreparado que Lula para a responsabilidade presidencial. Brizola dá-lhe um conselho prudente: administrar primeiro pelo menos uma prefeiturazinha. Talvez no ABC paulista hoje ameaçadas de desindustrialização, pela fuga" de empresas intimidadas por experiências recentes de sindicalismo selvagem. 
Com sua conhecida delicadeza de sentimentos, Brizola mimoseou seu contendor com o apelido de "sapo barbudo''. Isso cria incertezas para os investidores, sobretudo os estrangeiros, que desconhecem as sutilezas de nossa linguagem política. É que não se sabe se se trata de um sapo útil, dos que comem insetos (Bufo terrestris americanus), ou daqueles sapos amazônicos que emitem borrifos venenosos (dendrobotidae). Enquanto isso os investidores suspenderão suas decisões de investimento, prolongando nossa estagflação.
Consta que os empresários paulistas, que tomaram a iniciativa de banquetear Lula, são da indústria de brinquedos. Talvez a esperança deles seja que Lula aprenda a brincar de capitalismo. O mais provável é que estejam desempenhando o papel dos violinistas do campo de concentração.  
O conselho de Deng Xiaoping aos chineses é: “Enriquecei-vos”. O conselho de Lula aos brasileiros é: "Sindicalizai-vos e contribuais para a CUT". É o fim da picada... 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Heranca maldita da corrupcao lulopetista: Petrobras paga US$ 2,95 bilhoes de indenizacao nos EUA

Esta vai custar caro, e deveria ser cobrado da organização criminosa que organizou o assalto à Petrobras:

PETROBRAS ASSINA ACORDO PARA ENCERRAR CLASS ACTION EM CURSO NOS ESTADOS UNIDOS


Rio de Janeiro, 3 de janeiro de 2018 – Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras informa que assinou acordo para encerrar a Class Action em curso perante a Corte Federal de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.
O acordo, que será submetido à apreciação do Juiz, objetiva encerrar todas as demandas atualmente em curso e que poderiam vir a ser propostas por adquirentes de valores mobiliários da Petrobras nos Estados Unidos ou listados naquele país. O acordo elimina o risco de um julgamento desfavorável, que, conforme anteriormente reportado ao mercado, poderia causar efeitos materiais adversos à Companhia e a sua situação financeira.
Além disso, põe fim a incertezas, ônus e custos associados à continuidade dessa ação coletiva. No acordo proposto para o encerramento da ação, a Petrobras pagará US$ 2,95 bilhões, em 2 (duas) parcelas de US$ 983 milhões e uma última parcela de US$ 984 milhões. A primeira parcela será paga em até 10 (dez) dias após a aprovação preliminar do Juiz. A segunda parcela será paga em até 10 (dez) dias após a aprovação judicial final. A terceira parcela será paga em (i) até 6 (seis) meses após a aprovação final, ou (ii) 15 de janeiro de 2019, o que acontecer por último. O valor total do acordo impactará o resultado do quarto trimestre de 2017.
O acordo não constitui reconhecimento de culpa ou de prática de atos irregulares pela Petrobras. No acordo, a Companhia expressamente nega qualquer responsabilidade. Isso reflete a sua condição de vítima dos atos revelados pela Operação Lava Jato, conforme reconhecido por autoridades brasileiras, inclusive o Supremo Tribunal Federal. Na condição de vítima do esquema, a Petrobras já recuperou R$ 1,475 bilhão no Brasil e continuará buscando todas as medidas legais contra as empresas e indivíduos responsáveis.
O acordo atende aos melhores interesses da Companhia e de seus acionistas, tendo em vista o risco de um julgamento influenciado por um júri popular, as peculiaridades da legislação processual e de mercado de capitais norte-americana, bem como o estágio processual e as características desse tipo de ação nos Estados Unidos, onde apenas aproximadamente 0,3% das class actions relacionadas a valores mobiliários chegam à fase de julgamento.
O acordo será submetido à apreciação do Juiz, que, após aprovação preliminar, notificará os membros da Classe. Após avaliar eventuais objeções e realizar audiência para decidir quanto à razoabilidade do acordo, o Juiz decidirá sobre a sua aprovação definitiva.
As partes pedirão à Suprema Corte norte-americana que adie, até a aprovação final do acordo proposto, a decisão quanto à admissibilidade de recurso apresentado pela Petrobras, o que estava previsto para o dia 05/01/2018.

sábado, 30 de dezembro de 2017

Conta bilionaria: Tesouro começa a pagar calotes sofridos pelo BNDES em outros paises

Começou a chegar a conta do desastroso, catastrófico, criminoso projeto do lulopetismo aloprado para fazer a política externa megalomaníaca, que foi o principal traço da diplomacia lulopetista. Mas, além da obsessão por ser famoso no mundo inteiro, havia, por trás, por baixo, e por todos os lados, esse projeto criminoso de enriquecer-se pessoalmente por meio da colusão criminosa com as grandes empreiteiras, que são geneticamente corruptas.
Não adianta agora o BNDES vir dizer que atuou sempre tecnicamente, e que não fazia empréstimos para governos estrangeiros, e que apenas financiava a exportação de bens e serviços brasileiros, se essas operações eram garantidas não pelo tomador desses serviços mas pelo Fundo Garantidor de Crédito, ou seja, pelo Tesouro brasileiro, em última instância, eu, você e todo mundo, nós os contribuintes compulsórios, os extorquidos pelo Estado brasileiro.
A conta vai ser grande, gigantesca, e vai pesar por décadas em nossos bolsos, sob a forma de impostos acrescidos, dívida pública aumentada, serviços estatais diminuídos e de baixa qualidade.
Ainda não se fez a contabilidade catastrófica do lulopetismo diplomático, e de sua gigantesca vertente econômica, micro e macro.
Paulo Roberto de Almeida
Uberaba, 30 de dezembro de 2017

Conta bilionária: Tesouro começa a pagar calotes sofridos pelo BNDES em outros países
Primeiro a dar o calote foi Moçambique, segundo informa a Folha de S. Paulo - mas conta pode ser ainda maior
SÃO PAULO - O Brasil está pagando agora um preço alto pelas políticas dos últimos governos de financiar em outros países obras de empreiteiras brasileiras envolvidas na Operação Lava Jato através do BNDES(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), segundo informa o jornal Folha de S. Paulo desta sexta-feira (29).
Durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, as empreiteiras expandiram presença na África e na América Latina graças a volumosos empréstimos do banco de fomento, o que rendeu contratos bilionários às empresas e potencializou as exportações do Brasil. Mas agora alguns países entraram em crise e estão deixando de honrar compromissos. Com isso, as contas estão sobrando para o Tesouro. Isso porque os financiamentos têm seguro do FGE (Fundo de Garantia à Exportação). Assim, em caso de calote dos países, o pagamento fica com o Tesouro Nacional.
O jornal cita que, no último dia 15, o governo liberou do Orçamento R$ 124 milhões para ressarcir o banco por não receber US$ 22,4 milhões (fora encargos) de um financiamento feito a Moçambique, sendo este possivelmente o começo de uma série de pagamentos que recairão sobre o contribuinte brasileiro e que, apenas no caso do país africano, deve chegar a US$ 483 milhões (R$ 1,5 bilhão). Moçambique, em grave crise financeira, deixou de pagar duas parcelas; com o default confirmado, o BNDES acionou o FGE e o primeiro pagamento foi feito em dezembro.
O governo também deve decretar calote oficial da Venezuela, pela falta de pagamento de uma parcela de US$ 262 milhões em setembro. O BNDES e bancos privados têm a receber US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) da Venezuela – mais da metade desse valor em 2018.  O terceiro país sob risco é Angola, com passivo com o Brasil somando US$ 1,9 bilhão. 
 Ao ser procurado pelo jornal, o BNDES informou que "não financia projetos em outros países, mas a exportação de bens e serviços produzidos no Brasil, tendo por objetivo o aumento da competitividade das empresas brasileiras, a geração de emprego e renda no país".

sábado, 9 de setembro de 2017

Argumentos de um true believer: o fundamentalismo pela tergiversacao - dialogo imaginario

Abaixo, recolhido dos comentários de uma coluna de jornalista conhecido, que transcrevia material sobre a mais recente delação envolvendo o chefe da quadrilha, um diálogo imaginário construído por apparatchiks oficiais, ou por true believers dotados de certa convicão racional, no sentido de corroborar os argumentos do grande visado, quanto a não haver prova nenhuma -- documento, assinatura, ordem gravada -- que o vincula a todos os crimes de que é acusado.
O homem é, por assim dizer, impoluto, ou seja, não existe nada que o acuse, documentalmente.
Parece, portanto, com aqueles "crimes perfeitos", nos quais se tem a profunda convicção de que se está em face do criminoso, mas não existe nenhuma prova material a incriminá-lo.
No caso do chefe da quadrilha, porém, há muito tempo que ele estaria condenado a prisão perpétua, nos EUA, por exemplo, por efeito daquilo que os magistrados americanos chama de "compelling evidences".
Em setembro de 2016, o procurador Deltan Dallagnol já tinha apresentado um famoso PowerPoint, no qual todas flechas dos crimes perpetrados convergiam para o centro, onde estava, justamente, o personagem em questão.
O criminoso perfeito.
Paulo Roberto de Almeida

Mano do céu...
- Que foi?
- O Palocci ferrou o Lula. Você viu?
- Não vi. O que foi que ele falou?
- Que o Lula sabia de tudo.
- Eita. Tipo o quê?
- O esquema com a Odebrecht.
- Vixe. Agora vai.
- Vai.
- E ele mostrou uns áudios?
- Não.
- Uma sala repleta de mala de dinheiro?
- Não.
- Já sei: contas no exterior?
- Não.
- Extratos bancários?
- Não.
- Uma compra de sentença?
- Não. Nada disso.
- Pelo menos um helicóptero com coca?
- Não.
- Algum depósito na conta da Marisa?
- Neca.
- Palocci pelo menos participou das negociações?
- Diz que não. Mas o molusco contava para ele depois.
- Contava?
- É.
- Tem vídeo disso?
- Não.
- Gravação?
- Não.
- Grampo?
- Não.
- Testemunha?
- Não.
- Eram só ele e Lula? Ninguém mais viu?
- Só os dois. Petralhas.
- E a delação foi homologada?
- Foi.
- O juiz aceitou?
- Claro!
- Saquei.
- Não é incrível?
- Realmente. É incrível.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

A corrupcao absoluta do lulopetismo: entrevista Modesto Carvalhosa

Para quem ainda acha que a corrupção no Brasil sempre foi igual, com um tantinho a mais aqui, outro ali, mas sempre igual, e todos os políticos e partidos se equivalem. Não é assim. Modesto Carvalhosa demonstra o caráter inédito da corrupção lulopetista.
Um trecho de sua entrevista: "o Estado brasileiro foi cooptado pelo PT para estar a serviço do partido. Virou um instrumento de cleptocracia. Como tinham que se fixar no poder, aparelharam estatais, ministérios e cargos com verba, para que, com partidos da coligação, pudessem furtar o máximo de dinheiro a ser revertido em campanhas e reiniciar o ciclo. São milhares de atores da corrupção. O que já foi descoberto é só a ponta do iceberg. Todos os setores foram fraudados no mesmo modelo. Nos governos anteriores, existia muita corrupção, mas não eram governos corruptos. Este era um governo corrupto."
Paulo Roberto de Almeida




“Os partidos acabaram”, diz jurista Modesto Carvalhosa

Defensor e idealizador de um novo projeto de país, Carvalhosa insiste na 

convocação de uma Assembleia Constituinte para 2018. Veja entrevista

Reportagem publicada originalmente em EXAME Hoje, app disponível na App Store e no Google PlayPara ler reportagens antecipadamente, assine EXAME Hoje.
Jurista de renome, Modesto Carvalhosa, 85 anos de idade, ofereceu-se a presidente da República, caso o Brasil tenha eleições indiretas em um futuro próximo. O que lhe dá vontade de surfar no mar da política é o completo inconformismo com o status quo, com os partidos políticos, com os líderes de carreira e o sistema corrompido.
Defensor e idealizador de um novo projeto de país, chamado “Brasil: agenda ética”, Carvalhosa insiste na convocação de uma Assembleia Constituinte para 2018. As saídas para eliminar o aparelhamento do Estado, ele detalha em entrevista a EXAME Hoje, em seu escritório em São Paulo. Aproveita também para descarregar sua ira contra as legendas — ao longo da conversa, a palavra “bandidos” aparece sete vezes.
“São inúmeros problemas estruturais que permitem assaltar o Estado. Sem uma renovação, saímos da crise de Temer para uma nova crise no próximo governo”, diz o jurista. “A estrutura é viciadíssima, de total promiscuidade entre o setor privado e público. (…) Quem fez com que houvesse rejeição dos políticos são os próprios políticos, que são corruptos, bandidos, ladrões!”
Leia abaixo a entrevista:
Temos o primeiro presidente indiciado por corrupção passiva. O governo chegou no limite? Como se manter em meio aos escândalos?
Se Temer fosse flagrado naquele áudio nada republicano com um Congresso limpo, já teria caído. Seria o impeachment por crime comum. Mas não caiu porque está apoiado em um número enorme de pessoas na mesma situação criminal dele, em cargos no Congresso, que aprovam a ação chegar no Supremo, e no Executivo, que o pressionam a ficar pelo foro privilegiado. Hoje em dia, a classe política está profundamente envolvida nos crimes de corrupção.
O problema é jurídico, que protege o presidente nesta situação por meio do Congresso, ou político, de sistema eleitoral, cujo financiamento compromete os eleitos?
Começa assim: o Estado brasileiro foi cooptado pelo PT para estar a serviço do partido. Virou um instrumento de cleptocracia. Como tinham que se fixar no poder, aparelharam estatais, ministérios e cargos com verba, para que, com partidos da coligação, pudessem furtar o máximo de dinheiro a ser revertido em campanhas e reiniciar o ciclo. São milhares de atores da corrupção. O que já foi descoberto é só a ponta do iceberg. Todos os setores foram fraudados no mesmo modelo. Nos governos anteriores, existia muita corrupção, mas não eram governos corruptos. Este era um governo corrupto. Os sintomas passam adiante para o governo Temer. A União controla centralizada todas as verbas, que impede que se resolvam as crises e atendem interesses. Os partidos têm monopólio da atividade política. São área de reserva de atuação política e fazem dos cidadãos pagadores de impostos, mesmo sem serviços decentes. Não tem participação da sociedade, que está totalmente afastada. Precisa-se de uma nova Constituição, com inúmeras reformas que acabariam com as relações duvidosas. Inserindo voto distrital puro, impedindo a reeleição, acabando com marketing eleitoral — com candidatos de mesmo tempo de TV e rádio, sem as narrativas malucas e mentiras —, teríamos bons frutos. Tirar a possibilidade de membros do Legislativo exercerem cargos de Executivo acabaria com a barganha por cargos de confiança. São 22.000 comissionados. Poderíamos ter 80, como o ministro e seu chefe de gabinete. O resto seria funcionário de carreira. Acabar com nomeações políticas para o Supremo Tribunal Federal e Procuradoria-Geral da República. São inúmeros problemas estruturais que permitem assaltar o Estado. Sem uma renovação, saímos da crise de Temer para uma nova crise no próximo governo. A estrutura é viciadíssima, de total promiscuidade entre o setor privado e público.
Nenhuma dessas reformas agrada à classe política. Como viabilizá-las, pensando que não conseguimos nem votar uma simples reforma política?
Primeiro de tudo, a sociedade brasileira está desafiada, havendo eleição indireta, a ter um candidato civil para se apresentar ao Congresso. Não-político. Inclusive, ofereci meu nome para a candidatura, para dar uma sinalização. Chegando a 2018, a sociedade civil tem que apresentar candidatos a presidente da República, governadores, senadores e deputados federais, com quadros completos, para substituir os políticos profissionais que estão no Congresso. É importante, pelo voto, democraticamente, criar condições para uma nova Constituição em 2018. Em 2018, se for eleita essa turminha que está lá — Marina, Lula, Serra, esses caras que estão aí — vai ter crise continuada.
Seu prognóstico para 2018 sem reforma constitucional é de piora, mesmo sem Temer?
Não, pois temos um regime democrático em pleno funcionamento. Um regime pleno de liberdades, de ir e vir, de expressão, de imprensa. E temos uma sociedade que deve votar. A sociedade tem a obrigação, apenas, de botar esse povo para fora. Temos uma chance histórica de melhorar o país. A crise permite que possamos sair dessa rotina aparelhada, apresentando uma série de candidatos. Mas se não fizermos isso, tchau.
Mas há uma crise de lideranças no país. Os partidos hoje quebram a cabeça para achar um candidato. Como pensar em alguém com legitimidade, mas totalmente fora do sistema?
O Brasil tem centenas de pessoas competentes para assumir o poder. Centenas de centros de excelência, de estudos de políticas públicas, de educação, higiene, saneamento, transportes, urbanismo. São centenas de estudos da maior profundidade. Um país com uma massa crítica e gente competentíssima para assumir. Como não tem?
Algum nome?
Tem tanto nome, é só ver e escolher. Aparecendo um nome realmente de peso, honesto, correto, decente, com conhecimento de políticas públicas, vai ganhar votos. O povo quer votar em não-político. A França está aí. O povo votou no Emmanuel Macron porque não era político. Donald Trump não é político. O João Doria ganhou porque se apresentou como não-político. Mas tem que ter coragem. Não precisa ter horas de televisão, falar aquelas mentiras, tipo Dilma com aqueles marqueteiros sórdidos. Nada! Votarão no outro. Votaram até no Trump, que é um cafajeste, mas não é político! Há um levante mundial contra os partidos tradicionais e contra os políticos. É um fenômeno geral da democracia no século XXI. Os partidos são fatores de atraso, não de progresso, na sociedade.
A rejeição aos políticos não lhe preocupa, com a possibilidade de aparecimento de um populista ou aventureiro?
Não. Quem fez com que houvesse rejeição dos políticos são os próprios políticos, que são corruptos, bandidos, ladrões!  Eles criaram essa rejeição, não a sociedade. Agora, não quer dizer que a sociedade se despolitizou. A sociedade está politizada como nunca. Não é rejeição à participação política. É a rejeição a eles, que são uns bandidos. Já viu uma sociedade mais politizada que a brasileira? A classe D e E estão atentas. Pega o trem lotado e pergunta se o passageiro não sabe quem é o responsável. Para um nome bom ganhar a eleição, é só aparecer.
Em qualquer partido?
Em nenhum desses. Se entrar em partido corrupto, não ganha. Tem que ser fora dos tradicionais. O próprio Trump foi eleito falando mal do Partido Republicano. Só pegou a carona, com o partido contra ele. Tem que ser de fora dos partidos ou um partido novo. Tem iniciativas ótimas, que estão zero quilômetro.
Mas a máquina partidária ainda é muito forte em um momento de eleição.
As redes sociais elegem esse cara. Não adianta mais ter dinheiro e fazer marketing canalha, porque as redes sociais conseguem checar. Até índio tem computador e WhatsApp. Acabou a necessidade de acesso físico.
Temos estrutura para nos livrarmos assim de partidos políticos?
Temos estrutura e temos que nos mobilizar para acabar com eles. Como está, não dá. Com a Operação Mãos Limpas, dissolveram-se oito partidos tradicionais por falta de eleitor. Então é isso aí. O Partido Socialista francês, que não é corrupto como estes daqui, foi dizimado na eleição agora. Ficou com um décimo dos deputados. No Brasil, ninguém quer porque são bandidos, que vendem leis e horário de TV na campanha. Isso é partido político? O PSDB é partido político? O PMDB? O PT? São organizações criminosas. Não sobrou nada. São todos corruptos, mas acabou para eles.
Nas últimas eleições, só o PT sentiu esse efeito de encolhimento. Por quê?
Porque ainda não se acreditava, ou não se sabia, que os outros eram ladrões também. Que tinha o Aécio Neves no meio, que tinha recebido 80 milhões de reais, que recebeu tanta grana quando a Dilma. Que puseram dinheiro no bolso. Em 2016, não se sabia que o PSDB era bandido, que o Aécio era bandido. E é tão bandido, que nem tiraram o cara da Presidência do partido. E ainda estão pensando em aliança com o PMDB, do jeito antigo de fazer política. Mal sabem que o eleitor não vai votar neles.
A sociedade está se mobilizando de forma organizada? Os protestos minguaram.
O problema do protesto é que as bandeiras se misturaram. Como vai sair esse “Fora, Temer” se o lado do PT quer eleição direta para trazer de volta o Lula? Vai sair na rua misturado? Não dá.
Mas a mistura de bandeiras existia nas manifestações contra Dilma. Havia alas que iam do PSDB até os que queriam intervenção militar.
Acredito que falte coragem de fazer as manifestações devidas. Há um medo porque o destino é incerto. Sai o Temer para votar o Lula? O que é pior? Um é um bandido e o outro é um projeto de acabar com a burguesia e fazer um regime populista. É difícil. Creio que o importante é mobilizar para a eleição indireta, se houver.
Se houvesse essa mobilização, Temer teria caído?
Com certeza. A própria queda da Dilma foi resultado disso. Eram 1 milhão de manifestantes na mesma pauta. Tenho a impressão que qualquer vacilo econômico, Temer cai. Se o ministro da Fazenda resolve sair, não tem mais jeito. O que segura é a excelente equipe econômica, que dá confiança para o empresariado. Se por ventura o Meirelles tentar aumentar impostos e for barrado, pode cair fora. Sem reformas e sem ministro, acabou o governo. O problema é que as classes produtoras preferem que Temer fique aí e administre a possibilidade de reformas e certa estabilidade. E com medo de Lula. Não deixa de ser legítimo o raciocínio, mas é uma visão muito curta do problema.