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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 17 de setembro de 2017

Comenda da Revolucao Constitucionalista de SP (1932): relutancia em aceitar, acordo final

Recebi, em 15 de setembro de 2017, a visita do presidente e de membros do  Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, na pessoa do Prof. Adilson Cezar e simpáticos acompanhantes, que vieram atribuir-me o Colar Evocativo do Jubileu de Brilhante da Revolução Constitucionalista”. Abaixo, uma foto minha com os integrantes da comitiva, estando o Prof. Adilson Cezar à esquerda (ou direita, na foto).

Qual a origem dessa homenagem? Explico logo. Recebi, em 26 de julho último, a seguinte comunicação do presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, Prof. Adilson Cezar:


Sorocaba/SP, 26 de julho de 2017.

Prezado amigo

Dr. PAULO ROBERTO DE ALMEIDA.

DD. Diplomata.

(...)

Venho comunicar-lhe a satisfação de poder agracia-lo com a condecoração “Colar Evocativo do Jubileu de Brilhante da Revolução Constitucionalista” em conformidade com os anexos – ofício informativo da outorga da condecoração “Colar Evocativo do Jubileu de Brilhante da Revolução Constitucionalista”, e da competente ficha de concessão. 
       (...)
Adilson Cezar


Minha primeira atitude, por não me considerar merecedor de tal comenda, foi de recusa do citado colar, cuja reprodução está acima, pela seguinte mensagem: 

"Resposta em 31 de julho de 2017:
  Caro Adilson,
  Desejo, em primeiro lugar, agradecer imensamente, e sinceramente, a honra que me é feita nesta comunicação, que respondo tardiamente, devido a uma semana extremamente carregada de trabalho.
  (...)
  Quanto à nova honraria que pensa me fazer, devo ser absolutamente sincero, como sempre sou, e dizer-lhe que não me julgo merecedor da comenda.
  A despeito de ser paulista, e de ter, como democrata, os mesmos sentimentos democráticos que impulsionaram os revoltosos de 1932, contra um governo provisório que se transformava em caudilhismo arbitrário, não creio que eu possa figurar entre os contemplados com a distinção relativa à Revolução Constitucionalista.
  Saí de SP aos 21 anos para estudar fora do país, voltei sete anos depois, ingressando logo em seguida na diplomacia, para passar quase a metade do período decorrido desde então no exterior. Sempre estou ligado a SP, por atividades acadêmicas e profissionais, e costumo frequentar regularmente vários eventos na capital.
  Entendo, contudo, que a condecoração deva contemplar precisamente aqueles bem mais vinculados às atividades paulistas, e não me considero enquadrado, mesmo sem conhecer o estatuto que regula a honraria, nessa categoria.
  Desculpando-me humildemente por esta postura, mas que encontro justificada objetivamente, agradeço uma vez mais esta distinção que me é feito, e coloco-me à disposição para o que puder ajudar no âmbito do IPRI, do qual sou agora o diretor. 
  O abraço do Paulo Roberto de Almeida"

Nova comunicação, desta vez em 2 de agosto, do concedente: 

Sorocaba/SP, 02 de agosto de 2017.

Meu prezado amigo 

Dr. PAULO ROBERTO DE ALMEIDA.

Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Funag-MRE).

Li com atenção sua resposta ao meu oferecimento da condecoração Colar Evocativo do Jubileu de Brilhante da Revolução Constitucionalista de 1932, e agradeço a sua posição clara e objetiva. 

Mas perdoe-me discordar de seu ponto de vista – e por isso acredita-lo como estudioso merecedor sim dessa honraria. Permita-me além do fato de ser paulista, como pesquisador dedicado a recuperação histórica de nosso país – encaixa-se perfeitamente no escopo dos propósitos desta: 

Infelizmente penso que eu errei no ato de lhe comunicar em não informar a respeito do regulamento da mesma (como deixa claro em sua estimada resposta). 
Regulamento: ".....tem por objetivo homenagear personalidades brasileiras ou estrangeiras, bem como instituições que tenham colaborado para a divulgação e estudos, relacionados com a nossa História e em particular àqueles que dizem respeito à gloriosa epopeia da Revolução Constitucionalista de 1932”. 

Poderia ainda desfilar “n” motivos para lembrar que a Revolução Constitucionalista de 32, não deve ser caracterizada como exclusividade dos paulistas, mas sim de todos nós brasileiros. Tenho certeza de que sabe disso melhor do que ninguém. 

Este meu arrazoado se faz não com a intenção de demovê-lo, o que pode realizar a qualquer momento, bastando para isso nos comunicar dessa sua decisão. Temos sim necessidade de lhe esclarecer e mais ainda de demonstrar que a mesma tem fundo meritório aos nossos olhos em seus trabalhos. 

(...)

Sugiro ao amigo, que com o tempo, reveja seu trabalho com olhar menos exigente, e perceba que pode sim ostentar com justificativa uma condecoração como essa que lhe oferecemos. Se amanhã, modificar essa opinião – por favor, nos comunique – pois poderemos aqui em Sorocaba, recebe-lo em outra ocasião e ou até em uma de nossas passagens por Brasília (...) poderemos fazer aí esse imposição (já temos anteriormente feito isso...). 
(...)
Muito obrigado pela manifestação e a cortesia demonstrada.

Forte abraço.

Adilson Cezar.
  

De fato, o regulamento do Colar (aqui acima reproduzido em sua capa),  esclarece em seu Preâmbulo que: 

A finalidade deste Colar é galardoar personalidades brasileiras e estrangeiras, assim como instituições e pessoas físicas que tenham colaborado para a realização de estudos e divulgação de fatos históricos, que enalteçam a gloriosa memória de São Paulo e do Brasil.

O "do Brasil", e mesmo o "de São Paulo", cobrem, portanto, minha condição de pesquisador, de produtor de conhecimentos didáticos, relativos à nossa história, na qual São Paulo desempenha um papel fundamental na construção do Brasil contemporâneo, sobretudo do lado da economia, onde se concentram meus esforços de pesquisa e de sistematização do itinerário de nossas relações econômicas internacionais, no qual o café desempenha um papel fundamental.
Em função dessas considerações, decidi escrever o que segue ao presidente do IHGGS: 


De: Paulo R. Almeida
Enviada em: quarta-feira, 2 de agosto de 2017 09:36
Para: Adilson Cezar
Assunto: Re: Ainda a condecoração.

            Caríssimo Adilson Cezar,
            Eu lhe sou muito grato pelas amplas especificações e explanação sobre o sentido e os propósitos da honraria vinculada à Revolução Constitucionalista de 1932, com as quais concordo plenamente, o que me permite revisar minha posição, de princípio, de estritamente aceitar unicamente as homenagens de que me julgo merecedor, e jamais compactuar com atribuições políticas ou meramente cerimoniais. 
            Sou contrário, por exemplo, a quaisquer atribuições desse tipo de honraria, em qualquer nível da federação, unicamente por desempenho de cargo, eleito ou em comissão, uma vez que entendo que os estatutos dessas ordens as prescrevem para aqueles que tenham, efetivamente, prestado relevantes serviços naquelas áreas de atividades pertinentes à comenda, o que sempre envolve algo mais, e um tempo maior de desempenho, do que simples eleição para o cargo ou escolha para desempenho de função, o que pode ter sido obtido meramente por compadrio (quando não por conivência ou cumplicidade), por nepotismo, fisiologismo e outros “isso" ainda mais nefastos. 
            No passado, pensei em devolver minha Ordem do Rio Branco quando com ela foi contemplado um conhecido e notório corrupto (...). Só não o fiz porque essa Ordem divide claramente os agraciados entre os diplomatas do quadro e todos os demais contemplados, (...).
            Neste caso, permito-me indicar-lhe que é com prazer que aceito a honraria, não por qualquer “paulistice” de minha parte — o que seria até geograficamente incorreto, uma vez que apenas nasci no estado, e na capital, mas dele me encontro afastado desde que ingressei no serviço público federal, e também porque não cultivo qualquer tipo de “patriotice” piegas — mas justamente pelo sentido que ela possui na justificativa alinhada em suas palavras, qual seja, a de "homenagear personalidades brasileiras ou estrangeiras, bem como instituições que tenham colaborado para a divulgação e estudos, relacionados com a nossa História e em particular àqueles que dizem respeito à gloriosa epopeia da Revolução Constitucionalista de 1932”.
            Mesmo sem ser um historiador paulista, ou sequer historiador tout court, creio que tenho oferecido certa agregação de valor ao conhecimento histórico vinculado à diplomacia brasileira, em diversos trabalhos de cunho historiográfico ou de interpretação sociológica sobre nossas relações internacionais do passado e do presente, o que provavelmente me permite integrar um pequeno corpo de estudiosos voluntários (ou seja, não profissionais) engajados na pesquisa e divulgação de aspectos relevantes da inserção global do Brasil. São Paulo é, desde a segunda metade do século XIX, pelo menos, uma espécie de locomotiva do desenvolvimento brasileiro, não apenas no sentido material do termo, mas igualmente na dimensão “mental", ou espiritual, e intelectual dos progressos brasileiros em quaisquer terrenos nos quais se tenham exercido seus habitantes originais, índios, portugueses, brasileiros, e mesmo os imigrantes que vieram para dar sua contribuição à produção de riqueza neste pedaço do Brasil.
            Como muitos, sou descendente de imigrantes pobres, até analfabetos, que vieram ao Brasil entre o final do século XIX e início do XX, para, de certa forma, substituir os antigos escravos nas plantações de café, e aqui puderam, italianos e portugueses, educar os seus filhos e “produzir” paulistas que deram continuidade aos esforços de criação de riqueza e de renda. 
            Não sou particularmente um estudioso da Revolução paulista, ou Constitucional, mas sempre me revoltei contra as versões “carioca” ou “gaúcha” de nossa historiografia, que classificam a revolução como sendo secessionista, ou “oligárquica”, pois ela traduziu, justamente, as aspirações dos democratas e liberais do estado, e de muitas outras partes do Brasil, que tinham perdido as esperanças, a dois anos da revolução da Aliança Liberal, na liderança castilhista e autoritária que levaria o Brasil a uma ditadura fascista poucos anos adiante.
            Tenho prazer, assim, em dar-lhe meu assentimento à concessão da comenda, e dizer-lhe que me sinto orgulhoso de fazer parte de uma pequena confraria de homenageados por serviços prestados ao estado e ao país, sem quaisquer objetivos oportunistas ou compensatórios. Terei prazer em comparecer à cidade, na primeira oportunidade possível, para transmitir um pouco do conhecimento acumulado e da experiência adquirida em algumas décadas no exercício da diplomacia ativa do país, e nos estudos empreendimentos em caráter voluntário e particular, assim como estou à disposição para algum encontro em Brasília com os mesmos objetivos. (...)
            Agradeço, uma vez mais, a distinção feita, e coloco-me à disposição para as demais disposição atinentes a este processo. Em anexo, um breve currículo acadêmico e profissional mais atualizado.
           (...)
Paulo Roberto de Almeida  

Foi assim que recebi, no último dia 15, em meu escritório de Brasil, a comenda já reproduzida acima, acompanhada do respectivo diploma, como reproduzido abaixo.

Foram feitas muitas fotos na ocasião, que remeterei aos interessados oportunamente, e reproduzirei aqui, num limite aceitável.

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 17 de setembro de 2017

Meu ceticismo sadio em formato de livro: Doubt, A History - Jennifer Hecht

Acabo de adquirir, em versão Kindle, este livro, que deve me fornecer novos argumentos, doutos, para sustentar minha atitude metodológica de desconfiar de tudo, e questionar tudo:

Doubt: A History: The Great Doubters and Their Legacy of Innovation from Socrates and Jesus to Thomas Jefferson and Emily Dickinson - Kindle Edition

In the tradition of grand sweeping histories such as From Dawn To Decadence, The Structure of Scientific Revolutions, and A History of God, Hecht champions doubt and questioning as one of the great and noble, if unheralded, intellectual traditions that distinguish the Western mind especially-from Socrates to Galileo and Darwin to Wittgenstein and Hawking. This is an account of the world's greatest ‘intellectual virtuosos,' who are also humanity's greatest doubters and disbelievers, from the ancient Greek philosophers, Jesus, and the Eastern religions, to modern secular equivalents Marx, Freud and Darwin—and their attempts to reconcile the seeming meaninglessness of the universe with the human need for meaning,
This remarkable book ranges from the early Greeks, Hebrew figures such as Job and Ecclesiastes, Eastern critical wisdom, Roman stoicism, Jesus as a man of doubt, Gnosticism and Christian mystics, medieval Islamic, Jewish and Christian skeptics, secularism, the rise of science, modern and contemporary critical thinkers such as Schopenhauer, Darwin, Marx, Freud, Nietzsche, the existentialists.

Ainda vou ler, mas aqui vão duas resenhas:

Editorial Reviews

From Publishers Weekly

Cited midway through this magisterial book by Hecht (The End of the Soul), the Zen maxim "Great Doubt: great awakening. Little Doubt: little awakening. No Doubt: no awakening" reveals that skepticism is the sine qua non of reflection, and discloses the centrality that doubt and disbelief have played in fueling intellectual discovery. Most scholarship focuses on the belief systems that have defined religious history while leaving doubters burnt along the wayside. Hecht's poetical prose beautifully dramatizes the struggle between belief and denial, in terms of historical currents and individual wrestlings with the angel. Doubt is revealed to be the subtle stirring that has precipitated many of the more widely remembered innovations in politics, religion and science, such as medieval Jewish philosopher Gersonides's doubt of Ptolemaic cosmology 200-300 years before Copernicus, Kepler or Galileo. The breadth of this work is stunning in its coverage of nearly all extant written history. Hecht's exegesis traces doubt's meandering path from the fragments of pre-Socratics and early religious heretics in Asia, carefully elucidating the evolution of Hinduism, Jainism and Buddhism, through the intermingling of Eastern and Western religious and philosophical thought in the Middle Ages that is often left out of popular histories, to the preeminence of doubt in thrusting open the doors of modernity with the Cartesian "I am a thing... that doubts," ergo sum. Writing with acute sensitivity, Hecht draws the reader toward personal reflection on some of the most timeless questions ever posed.
Copyright 2003 Reed Business Information, Inc.

From Booklist

*Starred Review* Let others admire cathedrals: poet and historian Hecht celebrates the creations of doubters. In this remarkably wide ranging history, Hecht recounts how doubters from Socrates to Wittgenstein have translated their misgivings about regnant orthodoxies into new philosophic insights and political horizons. Though she explores the skepticism of early Greek thinkers challenging pagan gods, the tantric doubts of Tibetan monks chanting their way to enlightenment, and the poetic unbelief of heretical Muslim poets, Hecht gives center stage to Christianity, the religion that made doubt newly visible--and subversive--by identifying faith (not law, morality, or ritual) as the very key to salvation. Readers witness the martyrdom of iconoclastic doubters such as Bruno, Dolet, and Vanini, but Hecht also illuminates the wrenching episodes of doubt in the lives of passionate believers, including Paul and Augustine. In Jesus' anguished utterances in Gethsemane and at Calvary, Hecht hears even Christ experiencing the agony of doubt. Indeed, Hecht's affinity for the doubters who have advanced secular democracy and modern art does not blind her to the hidden kinship between profound doubters and seminal believers: both have confronted the perplexing gap between human aspirations and their tragic contradictions. In her provocative conclusion, Hecht ponders the novelty of a global confrontation pitting America not against the state-sanctioned doubt of Soviet atheism but, rather, against a religious fundamentalism hostile to all doubt. Bryce Christensen
Copyright © American Library Association. All rights reserved

Corrupção no Brasil: lama no ventilador - Ruy Fabiano

Um filme de horror, eu diria, pous descobrimos que ninguém, nenhum poder pode ser considerado isento e impoluto. Ou seja, um horror!

Paulo Roberto de Almeida

LAMA NO VENTILADOR

Por Ruy Fabiano

O Globo, 17/09/2017

A delação premiadíssima dos irmãos Batista, com toda a carga de suspeitas que levantou, teve ao menos um efeito colateral positivo: obrigou o procurador-geral Rodrigo Janot a desengavetar denúncias que lá estavam há quase dois anos.

As denúncias contra os quadrilhões do PT e do PMDB misturam fatos antigos com outros recentes. Foi o meio que Janot encontrou de enquadrar o presidente da República, Michel Temer, que a lei exime de prestar contas de atos alheios e anteriores a seu mandato.

Mas a pressa, ainda que necessária, que Janot exibiu em relação a Temer, não a teve em relação a Lula, Dilma et caterva.

O caso Aluízio Mercadante, por exemplo, que tentou comprar o silêncio do ex-senador Delcídio do Amaral, que preparava delação premiada (a seguir feita), veio a público em março de 2016. Só agora Janot a encaminhou ao STF. Por quê?

Mercadante, que cometeu o mesmo delito que levou Delcídio à prisão sumária e à perda do mandato, não foi incomodado e exerceu seu cargo de ministro da Educação até a saída de Dilma.

Janot, a rigor, não incomodou nenhum dos governos do PT, pelos quais foi nomeado e renomeado.

Chegou a ser visto como um procurador do PT. Não explicou, até agora, por que incinerou a delação do ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro, que tratava em minúcias de Lula e de um ministro do STF, Antonio Dias Toffoli. Sua atuação, até os 44 minutos do segundo tempo, esteve longe de mostrar isenção.

Ao sair, porém, em meio às trapalhadas (eufemismo de coisa bem mais séria) da delação dos irmãos Batista – e do comportamento que agora criminaliza de seu braço direito na PGR, Marcelo Miller -, decidiu jogar lama no ventilador.

E haja lama. O contribuinte, lesado por tudo quanto veio à tona, agradece. O problema é que a extensão do que remeteu ao STF faz prever encaminhamento lento e problemático. Por serem amplas demais, e documentadas de menos, as denúncias perdem clareza e objetividade. A defesa dos acusados agradece.

Janot viverá dias difíceis. Arranjou inimigos poderosos em todos os partidos. Mas o modo como o fez, de última hora e sem transparência em suas motivações, não o tornou um herói popular. Muito pelo contrário, o colocou sob suspeição.

Não terá, pois, a contrapartida que tem um Sérgio Moro, de compensar a ira dos poderosos com o apoio entusiástico da opinião pública. Inversamente, terá muito o que explicar, para fora e para dentro da PGR. Seu entorno na instituição está todo citado nos áudios de Joesley Batista e Ricardo Saud.

Ele, que inicialmente defendeu a probidade de Marcelo Miller, terminou por pedir-lhe a prisão. Tal como Lula, alegou que não sabia de nada, embora, por força do cargo que ocupava, devesse sabê-lo.

É a teoria do domínio do fato, que a PGR sustentou, com êxito, no Mensalão contra José Dirceu, levando-o à condenação.

O fato concreto é que, se o país já estava quase órfão de referências institucionais, agora ficou sem nenhuma. Os três Poderes estão, para dizer o mínimo, chamuscados com o que se extraiu das fitas de Joesley e Saud. E há mais, muito mais por vir, em áudios ainda não decodificados, em posse do STF.

Disso resultam urgências políticas, decorrentes da anomalia de um presidente da República, acusado de comandar uma quadrilha, continuar no cargo, em contraste com o rito judicial, lento, complexo e pouco confiável, incumbido de selar-lhe o destino.

O PT, que está em situação bem pior, já que sua quadrilha ficou com a parte do leão na rapina ao Estado, não hesita em insistir no “Fora, Temer!”. Pretende levá-lo com mais força às ruas, acreditando que até os antipetistas serão sensíveis ao apelo.

O certo é que a semana termina com extensa lista de ações da Justiça: O depoimento desastroso de Lula a Sérgio Moro; o agravamento da pena de José Dirceu e João Vaccari, no TRF 4 (para 40 anos), pendente ainda do voto de minerva; a rejeição unânime pelo STF da tentativa de Temer de colocar Janot sob suspeição; a prisão de Wesley Batista; a prisão do ex-governador Garotinho; a evidência de que Marcelo Miller era agente duplo (participava, inclusive, de um grupo no WhatsApp com o pessoal da JBS para tratar da delação junto à PGR). E a busca e apreensão no apartamento funcional do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, acusado também de corrupção.

Diante de tal cenário, é absolutamente inviável especular sobre as eleições de 2018. Falta um ano – e até lá não se sabe quais serão os atores dessa peça de horrores a que o país assiste. Não se sabe sequer que partidos haverá - ou mesmo se haverá eleições.


Cadernos de Politica Exterior, publicacao do IPRI - exemplares disponiveis

Retiro da página pertinente na Biblioteca Digital da Funag, os links para os Cadernos de Política Exterior, do qual sou um dos editores, ao lado do vice-diretor do IPRI, Marco Tulio Cabral, e que se dedica a expor, analisar e discutir os grandes temas da política internacional, da política externa brasileira e questões afins.
Paulo Roberto de Almeida

Cadernos de Política Exterior

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O stalinismo mental dos nossos desenvolvimentistas - Samuel Pessoa e Paulo Roberto de Almeida

Um dos grandes crimes ideológicos do século XX foi -- além do stalinismo industrial, ou seja, o culto da indústria pesada, que contaminou não só a URSS de Stalin, mas o Brasil da era Vargas e do regime militar, aliás até hoje, pois os companheiros foram perfeitos stalinistas industriais -- o "stalinismo mental", que aliás deriva do marxismo elementar de Marx, Engels, Lênin, Raul Prebisch, Celso Furtado e outros, o que faz com que esses mestres e epígonos queiram ver na industrialização concentrada, planejada, centralizada, controlada, regulada, o nec plus ultra do desenvolvimento econômico possível e necessário, ao contrário e a contra corrente da visão mais liberal, libertária, laissez-faire, de um Adam Smith, dos austríacos e outros, que preferem deixar indivíduos e sociedades totalmente livres para que cada um encontre as fontes de "sua" riqueza em qualquer oferta que queiram fazer para os consumidores existentes (sempre existem) em condições de mercados totalmente livres. 
Marx ainda tinha certa sofisticação, mas Lênin, apesar de um gênio político (para o mal, ou seja, para o poder absoluto), era um estúpido econômico, e quase destroi a economia da Rússia, que depois se transformou num escravismo contemporâneo sob Stalin.
Samuel Pessoa adota um enfoque mais light, ao criticar o desenvolvimentismo dos ingênuos, mas eu vou à raiz do problema, que é mesmo esse culto das máquinas e dos trabalhadores organizados associados ao coletivismo (socialismo, fascismo e outros fenômenos de intervencionismo estatal).

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 17 de setembro de 2017

Continuamos a ter visão ufanista errada do desenvolvimento

Samuel Pessôa


Bananas correm risco de extinção

 Folha de S. Paulo, 17/09/2017



 República de bananas, para mim, sempre representou países com péssima institucionalidade. Dia sim e dia também, algum general -em geral de direita, mas às vezes de esquerda, com um bigodão, às vezes uma barba bem cultivada- tomava o poder em meio a um golpe militar.

A república de bananas se caracteriza pelas instituições frágeis.
Para boa parcela dos economistas brasileiros, o que caracteriza as repúblicas de bananas são as bananas, ou melhor, a exportação de matérias-primas.
Por esse critério, Chile, Canadá, Nova Zelândia e Austrália são repúblicas de banana.
Como em geral há relação entre desenvolvimento econômico e sofisticação tecnológica da pauta exportadora de um país -mas o que, como vimos, nem sempre é verdade-, muitos economistas brasileiros pensam que desenvolvimento econômico depende do que um país produz.
Não conhecem o trabalho espetacular do historiador Gavin Wright ("The Origins of American Industrial Success, 1879-1940", "The American Economic Review", 1990), que documentou que a pauta exportadora da economia americana até os anos 1920 era essencialmente de commodities. Ou seja, a economia americana era uma economia de bananas.
Ademais, inflam os números dos gastos do governo americano com a política de compras de produtos nacionais e com P&D. Se folheassem o "Cambridge Economic History of The United States", descobririam que a política industrial teve papel muito subsidiário no desenvolvimento americano.
Também verificariam que o grau de fechamento da economia americana da segunda metade do século 19 à segunda metade do século 20 foi elevado, mas não maior do que o grau de fechamento das economias latino-americanas, que, no Brasil, perdura até hoje.
Mas é sempre melhor ficar apegado a preconceitos do passado, que passam por cima de fatos como o de que a taxa de analfabetismo na Nova Inglaterra em 1750 era equivalente à brasileira de 1950.
A história econômica mostra que não há diferença na trajetória de crescimento da economia americana em comparação aos casos canadense ou australiano.
O maior desenvolvimento da indústria nos EUA é essencialmente consequência da maior escala da economia. População grande gera mercado, que naturalmente estimula o desenvolvimento da indústria. É por esse motivo que a economia americana tem mais indústria do que a australiana.
Enquanto lutamos contra as bananas, jogamos R$ 400 bilhões no lixo de incentivos do BNDES, política que os estudos mostram contribuiu para elevar os lucros de algumas grandes empresas, mas não elevou o investimento, outros tantos com uma política desastrada de conteúdo nacional, que lembra a lei "do similar nacional" do nacional-desenvolvimentismo, e tantas outras oportunidades perdidas.
A lista é longa.
Olhando ao passado, só enxergamos a "perda dos termos de intercâmbio", "os lucros, juros e dividendos distribuídos pelas multinacionais", "a lógica do investimento das multinacionais que não obedece aos interesses nacionais", "os juros da dívida externa" e "os juros pagos ao rentismo".
Liderados seja pela esquerda, seja pelos militares, continuamos a ter uma visão ufanista equivocada do desenvolvimento econômico.
O desperdício sem fim produzido pela ideologia conspiratória do nacional-desenvolvimentismo segue firme: desaguou na crise dos anos 1980 e na crise atual.
Enquanto isso, nossas crianças continuam a não saber ler e escrever.

Humanomics, o novo Adam Smith revisitado - Deirdre McCloskey 

Economics With a Human Face

Adam Smith did not believe people are merely economic maximizers. Instead, we balance self-interest with humane sympathy for others. Deirdre N. McCloskey reviews ‘Cents and Sensibility’ by Gary Saul Morson and Morton Schapiro.

By Deirdre N. McCloskey

The Wall Street Journal, Sept. 13, 2017 

Review of:

CENTS AND SENSIBILITY

By Gary Saul Morson and Morton Schapiro 

Princeton, 307 pages, $29.95

In the middle of the 19th century, when the new telegraph meant that Texas could communicate with Maine, Henry David Thoreau quipped: “But Maine and Texas, it may be, have nothing important to communicate.” Today, the university puts literature and economics under the same roof. But do the two have anything important to say to each other?

Gary Saul Morson and Morton Schapiro say yes. Their new book, “Cents and Sensibility: What Economics Can Learn From the Humanities,” is a sweet contribution to the dialogue. Covering such topics as university admissions, child-rearing, organ harvesting and economic development, the chapters each analyze public questions first through economics, and then through literature. The conclusion is that economics—a hugely influential approach to studying human societies—isn’t worth all that much without first understanding what it means to be human.

Mr. Morson is a professor of Slavic literature at Northwestern University, and Mr. Schapiro teaches economics there, where he is also the president. The book is the fruit of an undergraduate course they taught together, which suggested critiques of their disciplines, and especially of economics. Economics, they argue, has been stripped down to a theory neglecting language and culture. At the same time, literary study has abandoned its responsibility to lead students to the best that has been thought and said. The humanities, Messrs. Morson and Schapiro contend, should acknowledge economics for worldly purposes. Yet for a truly human science the economists need literature, philosophy and history. Each discipline can supply what the other lacks.

Their agendum is, in their phrase, “a return to the ‘real’ Adam Smith. ” They exhort students of economics to grasp that the author of “The Wealth of Nations” also wrote “The Theory of Moral Sentiments.” The real Smith observes that human beings summon qualities of sympathy balanced with their self-interest. People are not merely economic maximizers: They are ethical creatures from the get-go.

Messrs. Morson and Schapiro advocate a fusion the economist Bart Wilson and the Nobelist Vernon Smith have recently dubbed “humanomics.” The humanities study categories, and the initial step of categorization is essential to any human inquiry. As Niels Bohr once said, humans ask the questions: good versus bad, big versus small, red giant stars versus white dwarves, Homo sapiens sapiens versus Homo sapiens neanderthalensis. You can’t measure gross domestic product or unemployment without first saying what they are, qualitatively, as categories of interest to humans. If we were to decide that a society were best judged using the number of houses of worship erected—or, for that matter, the number of M&M candies consumed—such a measure, not dollar-value output, is what we would study. There is no God-term telling us from the outside what categories humans care about. Economics, physics, biology, history—all need the first, humanistic, categorizing step.

In most chapters Mr. Schapiro writes about some piece of economics—how information about opportunities matters in determining which colleges students attend, how families and criminal enterprises respond to incentives, or why geographical determinism is the wrong way to think about economic growth. Then Mr. Morson writes about what “a humanist would add.” For instance, economists calculate in court the value of a human life by determining that person’s remaining lifetime cash earnings. Mr. Morson demurs. In such calculations the economists have not drunk deep from literary or philosophical springs.

Parts of the book explicitly, and all of it by implication, give an eloquent defense of the humanities against fanatical advocates for “STEM” (science, technology, engineering, and mathematics). The STEM-ers want to shove aside the humanities, and most of the social sciences, too, in favor of fields they think are more likely to add to GDP. Messrs. Morson and Schapiro point to the example of Japan’s minister of education, who a few years ago proposed eliminating in public universities every field except STEM. No study of Japanese literature. No economics. Such naive zeal ignores that most of what actually goes on in STEM’s “M” and “S”—and even a good deal of the “E”—is, like the humanities, an inquiry into the artistic or intellectual products of humans. They have no economic usefulness. Astronomy and number theory should properly be viewed as quantitative kin to, say, theology and art history. Indeed, the very word “science” is unusual in contemporary English in signifying only the physical and biological. In other languages, and in English before the 1860s, it has a much wider meaning, “systematic inquiry,” as in the German word for the humanities—Geisteswissenschaften, or “spirit sciences.

In discussing the communication between literature and economics, Messrs. Morson and Schapiro focus rather more on method than on substance. But it is early days for humanomics, and a certain amount of methodological ground-clearing is justified. Both men, true, represent somewhat conventional, even old-fashioned, versions of their specialties. Mr. Morson, for example, adheres to the old “belletristic” theory of literary criticism, which regards its purpose as awarding stars like movie reviews to great literature. This book cannot mention Tolstoy or Dostoevsky without informing us, in case we forgot, that they are “great.” Still, when it comes to placing economics and the humanities in dialogue, “Cents and Sensibility” constitutes a wise first step. As to the people who disagree—who believe that maximizing utility subject to constraints is all ye know on earth and all ye need to know, or who believe that prudence and calculation can tell us nothing about the human spirit—well, they are exactly the people most in need of the book.


Ms. McCloskey is a distinguished professor emerita at the University of Illinois at Chicago, and author, most recently, of “Bourgeois Equality: How Ideas, Not Capital or Institutions, Enriched the World.”

Appeared in the September 14, 2017, print edition as 'A Human Face For Economics.'

Adam Smith's The Wealth of Nations (1776) - Robert McCrum (The Guardian)

100 best nonfiction books: No 84 – The Wealth of Nations by Adam Smith (1776)

Blending history, philosophy, psychology, and sociology, the Scottish intellectual single-handedly invented modern political economy

Robert McCrum

The Guardian: Monday, 11 September 2017

 

1776 was an annus mirabilis for English and American prose, a year to compare with 1859 (Darwin’s On the Origin of Species; Dickens’s A Tale of Two Cities; Mill’s On Liberty). In February, Gibbon published the first volume of his The History of the Decline and Fall of the Roman Empire; while in March a brilliant intellectual, a star of the Scottish Enlightenment, single-handedly invented the subject of modern political economy with An Inquiry Into the Nature and Causes of the Wealth of Nations which swiftly became established in the minds of intelligent readers as The Wealth of Nations. When the first edition sold out in six months, the story went round that another celebrated Scot, the philosopher David Hume, was now joking that The Wealth of Nations probably required too much thought to be as popular as Gibbon’s Decline and Fall.

Gibbon, in fact, was full of generous praise for his rival. He wrote to the Scottish historian and philosopher Adam Ferguson: “What an excellent work is that with which our common friend Mr Adam Smith has enriched the public! An extensive science in a single book, and the most profound ideas expressed in the most perspicuous language”.

Smith’s work, indeed, was every bit as singular as Gibbon’s. Although it provided a comprehensive and magisterial treatment of its subject, it was also a work of robust common sense, intelligible to any careful reader, braiding history, philosophy, psychology, and sociology in a compelling tapestry of theory and experience. Smith, writes one commentator, was concerned to improve “the human condition in practical ways for real people”. This was a book that had begun as a series of lectures delivered to audiences in Glasgow. Smith’s friend Hume, joking aside, declared that the book had “depth and solidity and acuteness, and is so much illustrated by curious facts, that it must at last take the public attention”.

Crucially, for Smith, a civilised society is a trading society

For Smith, in a doctrine that would have been music to the ears of any energetic new Americans, a nation’s labour is the source of its basic means. Moreover, Smith argued, there is an intrinsic value to the division of labour, where labour was the sole determinant of price. This simple proposition becomes complicated in more advanced societies by the intervention of wages, profit, and rent, three elements that complexify the basic economic model. Combined with Smith’s wide-ranging, lucid, and profound exposition, there’s also his assault on the mercantile system, an outmoded throwback that he conceived as restrictive, repressive, and inimical to individual self-expression in the marketplace.

At the heart of The Wealth of Nations is the provocative suggestion that self-interest is perhaps the only criterion of economic behaviour, and that the universal, unfettered pursuit of self-advantage was the only sure guarantee of general welfare. Arguably, it is the collision of Smith’s ideas with the political ambitions of the American revolution that would, eventually, make a decisive contribution to the development of western capitalism.

Crucially, for Smith, a civilised society is a trading society. There’s a famous passage in book 1 where he argues for the natural place of competitive trade.

“Nobody ever saw a dog make a fair and deliberate exchange of one bone for another with another dog. Nobody ever saw one animal by its gestures and natural cries signify to another, this is mine, that yours; I am willing to give this for that… But man has almost constant occasion for the help of his brethren, and it is in vain for him to expect it from their benevolence only. He will be more likely to prevail if he can interest their self-love in his favour…”

Accordingly, Smith’s opening theme is that the regulations imposed on commerce are ill-founded and counterproductive. In Smith’s day, the conventional wisdom was that gold and silver was wealth, and that countries should boost exports and resist imports in order to maximise this metallic treasure. It was Smith’s transformative insight that a nation’s real wealth lies in the constant traffic of goods and services thereby created – what we would call the gross national product. To maximise this, he argued, government should not restrict an individual nation’s productive capacity, but set it free.

Another central theme was that such productive capacity rests on the division of labour and on the accumulation of capital that such activity makes possible. Huge efficiencies can be gained by breaking production down into a multiplicity of small tasks, each undertaken by specialists. In book 1, Smith cites the example of pin-makers.

“A workman not educated to this business (which the division of labour has rendered a distinct trade), nor acquainted with the use of the machinery employed in it (to the invention of which the same division of labour has probably given occasion) could scarce, perhaps, with his utmost industry, make one pin in a day, and certainly could not make 20.”

The division of labour, he demonstrates, will leave producers with a surplus that they can exchange with others, or use to invest in more efficient labour-saving machinery. It was ideas of this kind that persuaded later readers such as Lord Acton to describe The Wealth of Nations as providing the “scientific backbone to liberal sentiment”, declaring that it was the “classic English philosophy of history”.

Smith’s third theme is that a country’s future income depends upon this capital accumulation. The more that is invested in better productive processes, the more wealth will be created in the future. But if people are going to build up their capital, they must be confident that it will be secure from theft. The countries that prosper are those that grow their capital, manage it well, and protect it. Smith demonstrated that this system is automatic. Where things are scarce, people are prepared to pay more for them; there is more profit in supplying them, so producers invest more capital to produce them. Where there is a glut, prices and profits will be low, and then producers switch their capital and enterprise elsewhere. Industry thus remains focused on the nation’s most important needs, with no need for central direction.

But, says Smith, the system is automatic only when there is competition. When governments grant subsidies or monopolies to favoured producers, or shelter them behind tariff walls, they can charge higher prices. The poor suffer most from this, facing higher costs for the necessities that they rely on. The Wealth of Nations also says that competition and free exchange are under threat from the monopolies, tax preferences, controls, and other privileges that producers extract from the government.

For all these reasons, Smith believes that government itself must be limited. Its core functions are to maintain defence, keep order, build infrastructure and promote education. It was the duty of good government to keep the market economy open and free, and not act in ways that might distort it. Enter George Washington, Thomas Jefferson, John Adams et al. The Wealth of Nations was, of course, published in the year of the Declaration of Independence. This strange fact lends added significance to Smith’s prediction that the Americans “will be one of the foremost nations of the world”.

A signature sentence

“Compared, indeed, with the more extravagant luxury of the great, [the blacksmith’s] accommodation must no doubt appear extremely simple and easy; and yet it may be true, perhaps, that the accommodation of an European prince does not always so much exceed that of an industrious and frugal peasant, as the accommodation of the latter exceeds that of many an African king, the absolute masters of the lives and liberties of 10,000 naked savages.”


Three to compare

David Hume: The History of England (1754-61)

Henry Thomas Buckle: History of Civilization in England (1857)

Karl Marx: Capital, Volume I (1867)

Revistas do UniCEUB: artigos de Paulo Roberto de Almeida

Minhas poucas colaborações às revistas do UniCEUB, onde dou aulas desde 2004. Está na hora de colaborar mais um pouco.

Revista de Direito Internacional (Brazilian Journal of International Law)

v. 10, n. 1 (2013): Direito Internacional Econômico

Brazilian trade policy in historical perspective: constant features, erratic behavior

 

Universitas: Relações Internacionais

v. 9, n. 1 (2011)

Seria o Mercosul reversível? Especulações teóricas sobre trajetórias alternativas concretas 10.5102/uri.v9i1.1360

 

Prismas: Direito, Políticas Públicas e Mundialização (substituída pela Revista de Direito Internacional)

Vol. 2, No 1 Janeiro/Junho (2005)

Políticas de integração regional no governo Lula


Paulo Roberto de Almeida 

Nossos “defensores” e quem nos defende deles - Paulo Roberto de Almeida


Nossos “defensores” e quem nos defende deles

Paulo Roberto de Almeida


Primeiro a postagem de Roberto Ellery em sua página no Facebook (15 de setembro de 2017, às 18:40; https://www.facebook.com/rgellery/posts/1135351823264120):

Entendo os que se preocupam com o excesso de poder dos procuradores e juízes, não apenas entendo como compartilho da preocupação. Mas enquanto o legislativo e o executivo parecerem mais com uma gangue tentando proteger os seus do que com poderes da república a tendência é que o judiciário e o ministério público cresçam e abocanhem mais poder. Apenas um Congresso e um inquilino do Planalto que pareçam não agir apenas em causa própria poderão reverter a tendência de enquadramento do executivo e do legislativo pelo judiciário e pelo MP.


Agora, meu argumentos sobre a mesma questão:

Aprovo e compartilho os argumentos de Roberto Ellery. Quando a sociedade, que somos nós, se sente não apenas desprotegida e desamparada, em face de bandidos comuns, que nos assaltam e ameaçam nossas vidas com revólveres e facas, mas sobretudo quando nos sentimos reféns e dilapidados em face de bandidos de alto coturno e de colarinhos brancos, que não contentes de nos extorquirem legalmente, via uma miríade de impostos, taxas e contribuições, ainda nos expropriam ilegal e criminosamente, via fraudes orçamentárias, superfaturamentos em compras governamentais, propinas incorporadas aos contratos públicos, quando tudo isso acontece, é absolutamente normal que se recorra ao uso vigoroso dos únicos instrumentos legais que restam à cidadania na defesa de nossas vidas e patrimônio. Setores do MPF, do Judiciário (não todos, pois também existem comportamentos extrativistas e corporativos que desviam recursos para seus membros) e da Polícia Federal podem representar essa última barreira de contenção ao roubo organizado por meliantes de todos os tipos, sendo os mais perigosos justamente aqueles que dizem nos representar.
Fora disso, só anarquia e a anomia, de que padece, por exemplo, a Venezuela atual, cujo povo vem sendo cruelmente assaltado e oprimido por uma gangue de criminosos políticos que assaltou o poder. O Brasil, mesmo depois de ter extirpado do poder a organização criminosa que o havia tomado de assalto em 2003, ainda não se livrou das várias gangues de criminosos políticos que continuam assaltando o Estado e a nós cidadãos, desde muito tempo, mas pelo menos estamos livres do desastre venezuelano, graças justamente a esses setores de "última instância" a que se refere Roberto Ellery. Eles são o nosso último recurso, junto com o "Fora Todos" e a renovação COMPLETA da classe política.
Mas, sempre fica a questão crucial e eterna: Quem nos Defende de nossos Defensores?
Ou seja, não cabe confiar todo o poder ao "poder moderador" do momento, que são os bravos paladinos da República de Curitiba (em seu sentido metafórico). Em todo caso, melhor eles do que a guarda pretoriana e as instituições castrenses de antigamente, que também recorriam ao arbítrio dos que possuem a força para combater a corrupção e o caos político, num ambiente de autoritarismo (quando não de ditadura) que também é inaceitável (mas que alguns julgam ser necessário, como os defensores de certo candidato saudosista do regime militar).
Ou, como também se diz: o preço da liberdade é a eterna vigilância.


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 16 de Setembro de 2017